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quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Foi o povo na rua que derrubou Cunha. Pode derrubar Temer e sua agenda anti-povo.


Pressão popular em junho de 2013 obrigou o Congresso a acabar com o voto secreto em cassação de deputados, após absolverem a então deputada Jaqueline Roriz.
Sem o voto aberto, Eduardo Cunha teria escapado também.

Não foram as manifestações sozinhas de ontem à noite, às vésperas da votação na Câmara, que influíram na cassação de Eduardo Cunha. Mas quem duvida do poder do povo na rua, vamos refrescar a memória:

Junho de 2013: Os protestos do Movimento Passe Livre explodem meio caóticos em críticas à Copa. Até Redes de TV golpistas incentivaram, acreditaram que aquilo era uma primavera árabe à brasileira que derrubaria Dilma. Mas não. Tirando os coxinhas que ainda não eram maioria, o povo queria era mais direitos e mais participação popular direta. O sistema político corrupto foi alvo e a então deputada Jaqueline Roriz era o Eduardo Cunha da vez. A votação na Câmara era secreta e ela se safou. Os protestos de rua bateram à porta do Congresso contra esse voto secreto. Sob pressão os parlamentares cederam neste ponto e acabaram com o voto secreto na cassação de mandatos, para não cederam em uma reforma política mais ampla com plebiscito.

Se o voto ainda fosse secreto, Eduardo Cunha teria se salvado ontem. Todo deputado que votasse a favor dele mentiria para seus eleitores dizendo que foram "os outros deputados" que votaram em Cunha, como fizeram com Jaqueline Roriz.

Ano de 2015: Cunha se elege presidente da Câmara e adota uma agenda reacionária e até provocativa, declarando guerra contra direitos das minorias, das mulheres, da criança e do adolescente, do trabalhador com terceirização ilimitada, contra a democratização da comunicação, avisa que vai desnacionalizar pré-sal em sintonia com José Serra e Renan Calheiros, faz uma contra-reforma política favorável às oligarquias. As reações vieram. Foram centenas de manifestações "Fora Cunha" durante o ano.

Ainda no ano de 2015, Cunha é delatado e denunciado, a Suíça bloqueia contas milionárias dele, e o "Fora Cunha" aumenta. Quando o PT se nega a salvá-lo no Conselho de Ética, Cunha abre o impeachment de Dilma. As manifestações contra o golpe e "Fora Temer" se misturavam com o "Fora Cunha" até ontem.

Na hora que teve de responder no Conselho de Ética, a imagem de Cunha já era suficientemente ruim para contagiar quem votasse a favor dele. Há quase um ano ele manobra para empurrar com a barriga seu processo de cassação. Consumado o golpe do impeachment até a imprensa corporativa pede a cabeça dele para descolar a imagem dele de Temer e do golpe. Na hora em que foi à votação no voto aberto, 450 deputados, a maioria seus ex-aliados, votaram contra ele com medo do povo.

Isso mostra que nós, povo, irmos às ruas adianta. Quanto mais gente, mais pressão e as mudanças vem mais rápido. Até manifestações pequenas tem sua função de disseminar as causas de lutas. Por isso nunca foi tão importante cada um ser mais um a ir todas as manifestações que puder para exigir "Fora Temer", "Nenhum direito a menos" e "Diretas Já".

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