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segunda-feira, 10 de julho de 2017

Ladrão que aponta o dedão tem 600 anos de perdão. POR FERNANDO BRITO


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O Globo traz uma informação muito interessante para refletir sobre as distorções da aplicação da lei que permite as delações premiadas:
Levantamento sobre os acordos de delação mostra que houve redução de até 599 anos na soma das penas (de 710 anos para 111 anos) de 32 colaboradores condenados na Operação Lava-Jato. 
Se quisermos fazer uma média, dá um perdão de 18 anos, oito meses e 15 dias de prisão para cada um dos beneficiados. E, pelo que entendi, sem contar nesse total os 200 anos dos irmãos Batista et caterva, que não são “Lava Jato”.
É quase o perdão para uma condenação por homicídio.
E a grande maioria, senão todos, pega uma tornozeleira aí como a da doleira Nelma Kodama ou do lobista Fernando Baiano, dando aulas de crossfit (não tenho ideia do que isto seja) em sua mansão de R$ 14 milhões.

Igual sorte, claro, não tiveram as centenas de milhares de  pessoas que perderam seus empregos, diretos e indiretos, sobretudo na construção civil, onde as obras pararam e nem tão cedo recomeçam.
Nem se fale em “bilhões recuperados”, porque o dinheiro tirado dos ladrões não passou, como lembra Mauro Santayana, de algumas centenas de milhões: o resto foi tirado das empresas e, portanto, do trabalho alheio, de obras alheias, inclusive muitas públicas.
Mas se o Brasil perdeu muito, se os criminosos perderam pouco, promotores e advogados – para ficar por aí – ganharam muito, em projeção e pecúnia. Ou em pecúnia futura, pois que projeção a renderá.

E ficou fácil escapar às punições. Agora, basta apontar o dedo.

Sem comentários:

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