“Tô inteiro”, disse ontem, ao deixar o hospital, Michel Temer, pouco ante de ser mantido, por uma votação minguada, na cadeira de Presidente da República.
Nos jornais de hoje, apesar das bravatas de que “a pauta agora é econômica”, a percepção quase unânime de que lhe faltam forças para aprovar o que quer que seja, concorda a maioria dos analistas políticos.
No “mercado”, a avaliação não é tão pessimista assim, porque se é impossível um Temer forte para fazer a reforma da Previdência, não é mau um Temer fraco para assumi-la como tábua de salvação, com seus “ninguém é amiguinho, muito menos para sempre” Rodrigo Maia e Henrique Meirelles.
Que, no remoto caso de sucesso, ficam com as glórias e no provável fracasso o deixam para o politicamente moribundo presidente.
E, claro, aceleram o processo de liquidação de patrimônio em curso no petróleo, na energia elétrica e em tudo mais for viável “passar nos cobres” no fim de festa temerário.
Temer não tem do que reclamar. A origem conspiratória de sua ascensão ao poder e, nele, a pretensão de ser a “ponte para o futuro” e não entender que a afirmação da transitoriedade era a única coisa que lhe poderia dar alguma legitimidade foram tão ou mais danosas que a gravação de Joesley Batista.
Os seus 77 anos o autorizam a lembrar dos versos de Haroldo Barbosa e Luiz Reis, imortalizados nos anos 60 por Miltinho: “Cara de palhaço / Pinta de palhaço / Roupa de palhaço /Foi este o meu amargo fim(…) Na tua lista de golpista/Tem um bobo a mais / Quando a chanchada deu em nada / Eu até gostei/ E a fantasia foi aquela que esperei.”
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