Redação PragmatismoEditor(a)
Jovem negro e de escola pública passa em primeiro lugar para direito na UFBA e faz desabafo: “A educação é como uma corrida. Há pessoas que têm acesso à pista de qualidade, outras têm a uma com muitos buracos [...]”
Livio Pereira Rodrigues Trindade (reprodução)
Às 6h30, o despertador toca. Meia hora para o café da manhã. Das 7h às 12h, imersão nos livros de história, filosofia, português e prática de redação. Almoço das 12h às 13h, sem perder o foco nas videoaulas. Matemática das 14h às 16h. Das 18h até meia-noite, é hora de revisar e aprimorar outras matérias.
Esse foi o caminho percorrido pelo estudante formado como técnico em segurança do trabalho pelo Centro Estadual de Educação Profissional (Ceep), no bairro da Caixa d’Água, Livio Pereira Rodrigues Trindade, 18, para ser aprovado em primeiro lugar no curso de direito da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Morador do bairro da Boca do Rio, Lívio explica que, em 2017, preferiu se dedicar principalmente a matemática e redação, onde ele obteve as notas 730 e 920, respectivamente. “Eu não sou gênio. Me dediquei bastante e tive foco. É possível alcançar os objetivos. Colocava um toque motivacional no meu despertador como ‘dormir não lhe torna advogado’ ou ‘vamos lá espartano’. Estudava matemática todos os dias. Fazia redações. Gostaria que mais alunos da rede estadual se destacassem. Não queria ser exceção”, diz ele.
O curso de direito não era a primeira opção. Ele queria fazer psicologia. “Certo dia, vi um escritório de advocacia e fiquei me imaginando naqueles ternos bem legais. Quando vi a grade curricular de direito, me apaixonei”, afirma.
O apoio da família foi fundamental para que o estudante alcançasse o objetivo. “Ele teve êxito. Tudo é força de vontade. Agradeço por tudo, em primeiro lugar a Deus. Estarei sempre aqui para apoiá-lo”, diz o pai Antônio Carlos Trindade, 48.
Para Lívio, a escola foi determinante. “A educação é como uma corrida. Há pessoas que têm acesso à pista de qualidade, outras têm a uma com muitos buracos. Mas é possível desvencilhar os percalços e chegar até o final da maratona”.
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Henrique Almeida, A Tarde
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