O grande e os pequenos
Terminadas as cerimônias fúnebres do neto de Lula – o menino Arthur, de apenas sete anos – fica a essência do que foi este episódio doloroso.
De um lado, dezenas (centenas?) de policiais dedicados a isolar um homem velho, de 73 anos, naturalmente incapaz de um arroubo fisico que o justificasse.
Uma juíza que determina que ele possa ficar apenas uma hora e meia no cemitério e que por isso o força a permancer sentado, só, num hangar, esperando até que o relógio o autorize a abraçar o filho e a nora que perderam seu filhote. A dor da senhora Carolina Lebbos é cronometrada e mesquinha.
Fanáticos que, diante da dor de um avô pela morte súbita de seu neto, não conseguem conter seu ódio e vociferam nas redes a sua podridão de sentimentos.
De outro, uma pessoa que, depois de décadas aprendendo a constuir a tolerância, amarga quase um ano de cárcere solitário, injusto e artificialmente fabricado, sem por isso desenvolver sentimentos de vingança.
Andou, digno e impávido, entre as fileiras de policiais e de ociosos fuzis que não se voltam para bandidos, mas para gente do povo, que ama seu país.
Nenhum incidente, nenhuma provocação, só muita dor e indignação.
Lula mostra, dia após dia, que não tem ódios (ainda que dele tenham), que não transgride a lei (ainda que a usem para injustiçá-lo), que não agride (ainda que mesmo nesta hora de dor seja agredido).
Lula tornou ridículos diante dos olhos de todos – exceto daqueles que os têm injetados de fúria insana – as restrições e o aparato bélico que se monta para conter um homem livre de alma.
Mais que isso. Sem dizer, faz evidente o medo que se tem dele, mesmo só, silencioso e massacrado pela dor da morte.
Sabem que, mesmo que o façam morrer na prisão, Lula está fadado a viver na História, enquanto eles, nos seus podres e miseráveis poderes, são lixo para ela.
Cenas como a de hoje, porém, trazem a história para os fatos, apresentam como ratos os que são ratos e mostram que quem é grande jamais será vencido por quem é minúscuilo..
Lula está preso, babacas, mas vocês estão muito mais presos do que ele, porque estão agrilhoados à sua insignificância de degradação humana.
Por Madalena França
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