Segundo Vélez, o golpe em 31 de março de 1964 foi "uma decisão soberana da sociedade brasileira" e a ditadura um "regime democrático de força"
© Andre Sousa/MEC.
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro da Educação, Ricardo Vélez
Rodríguez, afirmou que serão feitas mudanças no conteúdo dos livros didáticos do país
no que diz respeito ao golpe militar de 1964 e a ditadura que se seguiu durante 21 anos.
Para o ministro, não houve golpe, e o regime militar não foi uma ditadura. As declarações
foram dadas em entrevista ao jornal Valor Econômico. "Haverá mudanças
progressivas [no conteúdo dos livros didáticos] na medida em que seja resgatada uma
versão da história mais ampla", afirmou Vélez.
"O papel do MEC é garantir a regular distribuição do livro didático e preparar o livro
didático de forma tal que as crianças possam ter a ideia verídica, real, do que foi a sua
história."
Segundo o ministro, o golpe em 31 de março de 1964 foi "uma decisão soberana da
sociedade brasileira" e a ditadura um "regime democrático de força".
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) e um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro
(PSL), já tinham manifestado intenção semelhante, propondo uma revisão histórica do
período em livros didáticos. "Um povo sem memória é um povo sem cultura, fraco. Se
continuarmos no nosso marasmo os livros escolares seguirão botando assassinos
como heróis e militares como facínoras", escreveu Eduardo em rede social, em janeiro.
A entrevista do ministro ao Valor é apenas mais uma polêmica envolvendo
diretrizes da Educação no governo Bolsonaro.
O governo já tinha feito mudanças em edital para compra de livros didáticos que
deixavam de exigir referências bibliográficas, abrindo brechas para erros e
revisionismos. Pressionado, Bolsonaro recuou.
Eduardo já tinha dito também que os professores do ensino médio não deveriam ensinar
sobre o feminismo.
Logo após vencer a eleição presidencial, Jair Bolsonaro falou que tomaria conhecimento do
conteúdo da prova do Enem antes do exame. O presidente havia contestado algumas
perguntas da prova de 2018, segundo ele, com "questões menores" –acerca de
diversidade sexual. Vélez deu aval ao presidente para ter acesso à prova antes de sua
realização, o que desafia critérios técnicos e de segurança do exame.
Em meio às polêmicas relacionadas ao conteúdo, o Ministério da Educação passa por
uma crise envolvendo seus servidores, divididos entre os de perfil técnico, oriundos em
sua maioria do Centro Paula Souza, os indicados por militares e os indicados por Olavo
de Carvalho, guru intelectual de Bolsonaro.
O racha resulta em uma série de demissões e desencontros na pasta.
Madalena França via Noticias ao Minuto
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