Segundo o ministro da Economia, a reforma administrativa do serviço público é contra "abusos" e salários "astronômicos" do funcionalismo.
Escrito por Esmael Morais
O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou uma guerra contra os servidores públicos nesta terça-feira (1º) ao antecipar que o governo enviará na quinta-feira (3) uma proposta de reforma administrativa do serviço público para análise do Congresso Nacional, que será válida para futuros servidores. “A opinião pública não está disposta a aceitar abusos, salários astronômicos, isso tem que ser revisado na reforma”, disparou.
Não é de hoje que Guedes tenta desqualificar o funcionalismo. Em fevereiro deste ano, por exemplo, o ministro chamou os servidores públicos de “parasitas” ao defender a reforma administrativa.
A “República dos Bancos”, cujo representante no governo é Paulo Guedes, em conluio com a velha mídia, tentam passar o “conto do vigário” na sociedade há meses. Eles mentem descaradamente. Vale tudo para retirar direitos, senão recordemos as falsas promessa anteriores:
Para o ministro, a contenção de gastos com o funcionalismo poderá ajudar na criação do programa Renda Brasil, que deverá substituir o Bolsa Família para atender parte da população beneficiada com o auxílio emergencial na pandemia de coronavírus. Guedes anunciou ainda a prorrogação do auxílio até dezembro, com quatro parcelas de R$ 300. Outra mentira cabeluda.
Paulo Guedes quer reforçar o superávit primário para garantir o pagamento de juros e amortizações da dívida interna, ou seja, ele quer continuar a festa dos banqueiros e especuladores na “República dos Bancos”.
Guedes participou hoje de videoconferência na comissão mista criada pelo Congresso Nacional ao reconhecer estado de calamidade pública em razão da Covid-19. No debate, ele fez um balanço das ações durante a pandemia e manifestou otimismo com a recuperação da economia a partir deste terceiro trimestre.
Segundo ele, o recuo de 9,7% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é um dado do passado. “Como a velocidade da luz é diferente da do som, você vê um raio, mas o som chega muito depois. É a mesma coisa com a economia”, disse, incorporando o personagem “Rolando Lero” da escolinha do Professor Raimundo.
Em mais uma enrolação, Guedes defendeu ousadia nas medidas para estimular o crescimento. “Eu acho que os passos realmente podem ser cada vez mais ousados, vamos pegar esses recursos que estão sobrando, às vezes, com o andar de cima e canalizar para o andar de baixo”, disse. Ele defendeu a reforma tributária e a tributação de dividendos pagos a acionistas. Ambas as propostas não saem do papel porque mexem com interesses do andar de cima.
Em resposta ao deputado Francisco Jr. (PSD-GO), relator da comissão mista, Guedes ainda defendeu o teto dos gastos e disse que programas sociais servirão para “remover a pobreza futura”, com enfoque na primeira infância. O Renda Brasil, explicou, ainda está em estudos no ministério, por isso não constou da proposta de Orçamento para 2021.
O ministro da Economia, no entanto, não disse que o teto de gastos é que aumenta a depressão econômica. A falta de dinheiro na economia é que derruba o PIB e eleva o desemprego. O despreparo do parlamento, nesse quesito, é algo incrível. Ou seria má-fé dos congressistas que agem a favor dos bancos em detrimento do povo?
O Brasil entrou oficialmente em recessão com queda histórica de 9,7% no PIB do 2º trimestre, segundo o IBGE, que afirma ser esta a maior queda já registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística desde 1996. A retração do Produto Interno Bruto do país foi puxada pela crise causada pela pandemia da Covid-19. Entre os setores mais afetados, estão o consumo das famílias, os serviços e a indústria. A agropecuária registrou aumento de 0,4% no período.
No entanto, é bom frisar, a crise econômica era anterior à pandemia do novo coronavírus. O leitor do Blog do Esmael acompanhou essa discussão ao longo do ano passado e início deste 2020.
Como reflexo do pibinho murcho do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil tem hoje 80 milhões de desempregados, qual seja, 50% da população economicamente ativa (PEA). Até dona Michelle Bolsonaro se assustou com essa queda.
O PIB do país encolheu 9,7% no segundo trimestre de 2020, na comparação com o trimestre anterior, auge do distanciamento social adotado para controle da pandemia de Covid-19. Essa é a segunda queda trimestral seguida e o menor resultado para a economia desde o início da série histórica, em 1996, segundo o Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado hoje (1/9) pelo IBGE.
Em valores correntes, o PIB, que é soma dos bens e serviços produzidos no Brasil, somou R$ 1,653 trilhão de abril a junho. Após revisão da queda do primeiro trimestre de -1,5% para -2,5%, a economia acumulou queda de 5,9% no primeiro semestre do ano. Nos últimos quatro trimestres, encolheu 2,2%, e na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o recuo foi de 11,4%. O PIB está no mesmo patamar do final de 2009, auge dos impactos da crise global provocada pela onda de quebras na economia americana.
A retração da economia resulta das quedas históricas de 12,3% na indústria e de 9,7% nos serviços. Somados, indústria e serviços representam 95% do PIB nacional. Já a agropecuária cresceu 0,4%, puxada, principalmente, pela produção de soja e café.
“Esses resultados referem-se ao auge do isolamento social, quando diversas atividades econômicas foram parcial ou totalmente paralisadas para enfrentamento da pandemia”, explicou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Na indústria, o recuo se deve às quedas de 17,5% nas indústrias de transformação, 5,7% na construção, 4,4% na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e 1,1% nas indústrias extrativas.
“Nos serviços, a maior queda foi em outras atividades de serviços (-19,8%), que engloba serviços prestados às famílias. Também caíram transporte, armazenagem e correio (-19,3%) e comércio (-13,0%), que estão relacionados à indústria de transformação. Outros recuos vieram de administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-7,6%) e informação e comunicação (-3,0%)”, acrescentou a coordenadora.
Os únicos resultados positivos foram verificados em atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,8%) e as atividades imobiliárias (0,5%).
Consumo das famílias tem queda recorde de 12,5%
Pelo lado da demanda, a maior queda foi no consumo das famílias (-12,5%), que representa 65% do PIB. “O consumo das famílias não caiu mais porque tivemos programas de apoio financeiro do governo. Isso injetou liquidez na economia. Também houve um crescimento do crédito voltado às pessoas físicas, que compensou um pouco os efeitos negativos”, disse Rebeca Palis.
O consumo do governo recuou 8,8% no segundo trimestre, muito por conta das quedas em saúde e educação públicas, explica a coordenadora do IBGE. “Na saúde, os gastos ficaram mais focados no combate à Covid-19, e as pessoas tiveram receio de buscar outros serviços, como consultas e exames, durante a pandemia. Na educação, utilizamos nas contas o percentual do Ministério da Educação de alunos que tiveram aulas ou não. Isso fez com o que o consumo do governo caísse bastante também”, detalhou a coordenadora, destacando que o resultado não tem relação com a política fiscal.
Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) também recuaram 15,4%, por conta da queda na construção e na produção interna de bens de capital. Somente importação de bens de capital cresceu no período.
A balança de bens e serviços registrou uma alta de 1,8% nas exportações, enquanto as importações recuaram 13,2%. “Essa alta nas exportações tem muito a ver com as commodities, produtos alimentícios e petróleo. Já as importações caíram em vários setores, de veículos, toda a parte de serviço, viagens, já que tudo parou devido à pandemia”, disse a coordenadora de Contas Nacionais.
No acumulado do primeiro semestre, o PIB caiu 5,9% em relação ao mesmo período de 2019, com desempenho positivo da agropecuária (1,6%). Na indústria (-6,5%) e nos serviços (-5,9%) os resultados foram negativos. “Essa foi a primeira taxa semestral negativa desde 2017, quando estávamos saindo da crise econômica que ocorreu, principalmente, entre 2015 e 2016. Agora, voltamos a uma nova queda no PIB”, conclui Rebeca Palis.
postad por Madalena França
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