03/02/2015 11:24
Por: Diário SP Online
portalweb@diariosp.com.br
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O Santos divulgou, por meio do seu site, uma nota de pesar pelo falecimento de Dalmo, aos 82 anos, em Jundiaí. Como homenagem ao herói do título mundial de 1963, o clube decretou sete dias de luto.
“Lamentamos a morte de um dos grandes jogadores da história do clube. O que ele fez está guardado na memória de todo o santista, de todas as gerações, e dá a ele a imortalidade alvinegra”, declarou o presidente alvinegro, Modesto Roma.
O ex-jogador estava internado havia meses para se tratar de uma infecção sanguínea e não resistiu, após anos lutando contra o Mal de Alzheimer. O velório acontece desde a tarde de segunda-feira (2), em Jundiaí, onde nasceu e será enterrado, às 10h desta terça-feira (3).
Com a camisa do Peixe, o lateral conquistou, além dos Mundiais de 1962 e 1963, duas Copas Libertadores (1962 e 1963), cinco Campeonatos Paulistas (1958/1960/1961/1962/1964), três troféus do Torneio Rio-São Paulo (1959, 1963 e 1964) e quatro brasileiros (de 1961 a 1964).
A convite do DIÁRIO, Pepe, antigo companheiro do lateral, despede-se do amigo com este depoimento:
Soube da morte do Dalmo ainda pela manhã, quando a Lélia, minha esposa, me disse. Fiquei bastante triste. Mesmo sabendo que a situação dele havia piorado nos últimos dias, não poderia reagir diferente.
Ele foi um grande amigo no clube por muito tempo. Oito, dez anos... Éramos mais próximos porque jogávamos exatamente pelo mesmo lado do campo, o esquerdo. Eu era ponta, atacava e ele era de excelente apoio. E foi o herói no título mundial de 1963 sobre o Milan. No terceiro jogo da final, marcou um gol de pênalti.
Mas não jogava apenas em uma posição. Dalmo não saía de campo daquele time de forma alguma, era titularíssimo. Um coringa que veio para ser quarto zagueiro e sempre jogou no lugar onde era preciso.
Fora dos gramados, ajudava bastante por ser um jogador muito esclarecido. Por causa disso, o Lula, nosso técnico na época, fazia questão de deixá-lo colado ao Pelé, para lhe dar alguns conselhos.
Durante as viagens, os dois sempre dividiam quarto. O Rei, ainda bastante garoto, um gurizão, era praticamente o embaixador do Brasil quando íamos para fora do país. Ele recebia tudo quanto era tipo de autoridade pelo sucesso que fazia com a camisa 10. Contando, sempre, com o Dalmo ao seu lado, que o ajudava, fazia o meio de campo nestes momentos.
Uma pena o Dalmo ter tido azar na seleção brasileira. Até porque o Nilton Santos estava no auge e o Oreco, do Corinthians, ficava na reserva. Ainda assim, ele tirava de letra e não reclamava por ser o terceiro nome para a ala esquerda.
Momento difícil/ Dalmo tinha uma vida tranquila, humilde. Não enfrentava problemas financeiros até saber da doença, que o fez gastar muito dinheiro com o tratamento. Até falaram de vender a medalha do Mundial, mas não posso falar sobre isso, é um assunto para a filha, a Ana Paula.
Tempos atrás, há uns seis meses, voltava com a Lélia da chácara que temos em Socorro e aproveitei o caminho até Santos para passar em Jundiaí. Resolvi revê-lo. Quando cheguei, o Dalmo virou para a Rosa, esposa dele, e perguntou: “Esse é o Pepe?”. Já estava bastante debilitado por causa do Alzheimer, mas não escondeu a alegria ao me ver. Sabíamos do momento difícil.
Agora, o meu eterno amigo Dalmo pode descansar em paz. Desejo força para toda a família.* Depoimento a Arthur Stabile.
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