30/05/2015 20:42
Por: Filipe Sansone
filipe.sansone@diariosp.com.br
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A vendedora Nara Lígia Clemente de Oliveira, de 28 anos, e seu marido Fagner Peçanha de Oliveira, 30, estão sentindo bastante o peso da atual recessão econômica na relação. Há dois anos juntos, nunca conseguiram ficar empregados ao mesmo tempo. Atualmente, só Nara trabalha e, com o dinheiro curto, ambos encontraram uma forma mais em conta de se divertir: não param de comprar produtos eróticos.
“A gente descobriu os brinquedinhos e hoje ficar em casa é muito divertido (risos). A gente gasta em coisas que podemos utilizar mais de uma vez e sai bem mais barato que sair para um barzinho ou ir ao cinema”, disse Nara.
Para o Dia dos Namorados, a vendedora já prepara uma surpresa para o companheiro e só revela alguns detalhes. “Vou compras rosas e colocar pétalas na cama. Vamos ter um jantarzinho aconchegante e usar algumas coisinhas diferentes que eu comprei”, confidenciou..
Entre os artigos já utilizados pelo casal estão desde cremes estimulantes para as partes íntimas, camisinhas com sabores, além de anel peniano que prolonga a ereção e até um vibrador. “O Fagner não tem preconceito com isso e depois que descobrimos esse mundo nossa relação deu uma boa apimentada. Foi da água para o vinho”, garantiu.
Na contramão da recessão econômica, o mercado do setor erótico cresceu entre o ano passado e este. Segundo a Abeme (Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual), os casais estão procurando artigos para se garantir os finais de semana gastando menos (veja na arte ao lado). O impacto no setor foi de 8,5% em 2014. “É uma maneira de aproveitar o tempo a dois sem muito dinheiro”, explica a presidente da Abeme, Paula Aguiar.
Bem resolvidas/ Conforme a consultora em sexualidade Thaís Plaza, quem costuma ir mais aos sex shops são as mulheres, pois os homens ainda encaram a prática com tabu e preconceito. “O crescimento do mercado mostra que essa barreira está sendo vencida.”
Foto: Almeida Rocha/ Diário SP
ENTREVISTA - Paula Aguiar - presidente da Abeme
A presidente da Abeme (Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual), Paula Aguiar diz que o crescimento do mercado no país, em meio a uma recessão generalizada, ocorreu da mesma maneira nos Estados Unidos, de 2011 a 2013.
DIÁRIO_ Por que ao invés de retração durante a crise, o mercado de produtos eróticos tem crescido?
PAULA AGUIAR_ É uma tendência que também ocorreu nos EUA durante a crise de 2011 a 2013. Os casais perceberam que sair para jantar, ir no cinema ou fazer um programa romântico a dois estava muito caro. Então se voltaram para o mundo dos produtos eróticos, que custam mais ou menos o mesmo preço de uma saída a dois, mas que podem ser utilizados várias vezes.
É um novo estilo de vida? Veio para ficar?
Exatamente. Vai permanecer com certeza ao menos enquanto a crise estiver atingindo o Brasil. As pessoas estão descobrindo que podem curtir mais momentos a dois no conforto de seu lar e há uma infinidade de itens para explorarem na sexualidade.
A tendência é que esse ano o setor cresça ainda mais que o ano passado?
Em 2014 a gente não movimentou tanto dinheiro por causa da Copa do Mundo. As pessoas estavam mais interessadas em futebol naquele momento. E agora temos produtos mais acessíveis para as classes C e D, custando a partir de R$ 10, como géis para sexo oral e calcinhas fio dental e até comestíveis. E uma das melhores datas para o mundo dos produtos eróticos é o Dia dos Namorados.
Quanto o setor movimenta por mês no Brasil?
Uma estimativa nossa é que seja em torno de R$ 80 milhões e, segundo nossas perspectivas, o mercado deve seguir em crescendo ainda mais, em torno de 10% neste primeiro semestre.
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