JUNHO 27, 2016 DIMAS SANTOS
As diversas investigações da Polícia Federal – e a forte atuação do Ministério Público e da Procuradoria Geral da República -, que criaram um clima de insegurança em Brasília, começam a invadir Pernambuco, ameaçando influenciar o resultado das próximas disputas eleitorais. Desde as últimas eleições, o Estado foi alvo de seis operações da PF: Vidas Secas (sobre desvios nas obras da Transposição São Francisco), Catilinárias (braço da Operação Lava Jato), Fair Play (irregularidades no contrato da Arena Pernambuco), Pulso (sobre desvios em contratos da Hemobras), Turbulência (suspeita de esquema de lavagem de dinheiro que teria abastecido campanhas do PSB) e CustoBrasil (pagamento de propina em contratos de informática), sendo as duas últimas deflagradas esta semana. As operações, em especial a Turbulência, poderão cobrar um preço alto aos que estiverem relacionados aos grupos políticos investigados.
Devido à proximidade das operações com o pleito municipal, que ocorre em outubro, a tendência é que a disputa deste ano será a mais afetada pelos escândalos envolvendo lideranças políticas. Já os reflexos na disputa de 2018 dependem do avanço das investigações e da comprovação do envolvimento de partidos em esquemas de corrupção. “A proximidade com as eleições faz com que a disputa municipal possa ser mais atingida, mas ainda falta muito tempo para arriscar palpite para 2018”, avaliou o cientista Elton Gomes.
Continua…
Rastro
O rastro deixado pelas investigações poderá abrir espaço para projetos de lideranças que não tiveram seus nomes associados às investigações. Nomes que começam sua carreira na política e que não tiveram seus nomes ligados às apurações podem despontar, como as deputadas estaduais Priscila Krause (DEM) e Raquel Lyra (PSDB). Já líderes consolidados como o senador Armando Monteiro Neto (PTB), o vice-governador Raul Henry (PMDB), o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) e o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes (PSDB), também podem se beneficiar de um possível vácuo de poder deixado pelas operações, mas a avaliação de especialistas é que ainda é muito cedo para arriscar um palpite diante do curso imprevisível das operações, que ainda não tiveram um desfecho. O ambiente também é propício para aventureiros que não possuem carreira política consolidada.
“O povo está órfão de lideranças, alguém que não tinha destaque pode se dar bem ou surgir um aventureiro sem cabedal. Temos carência de líderes. Seria um tiro no escuro dizer um nome agora”, avaliou Elton Gomes. Com o envolvimento da maioria dos partidos em esquemas de corrupção, as lideranças correm o risco de serem associadas a eles. O ex-prefeito João Paulo (PT) não teve o nome envolvido em nenhuma investigação, mas as principais lideranças do seu grupo estão no alvo da Lava Jato. O PMDB pernambucano também pode ser associado aos problemas do governo Temer e o mesmo pode acontecer com tucanos e democratas.
Taxa de rejeição
O resultado é uma alta taxa de rejeição à classe política, independentemente do nome ou partido. Recente pesquisa do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) em parceria com a Folha, mostra que todos os pré-candidatos à Prefeitura do Recife apresentam rejeição na faixa de 50%, mesmo os que têm alto indíce de desconhecimento. A rejeição atinge até mesmo candidatos com baixo indíce de conhecimento como Priscila Krause, Carlos Augusto Costa (PV) e o deputado estadual Silvio Costa Filho (PRB) conhecidos por apenas 34%, 10% e 30% da população, respectivamente.
Hely Ferreira acredita que as lideranças devem tentar “falar a linguagem do povo” e se aproximar do eleitor para sair da vala comum dos políticos, ainda mais em uma campanha de curta duração, com apenas 45 dias. No entanto, ele acredita que o desafio maior será conquistar a atenção de eleitores indispostos com a classe política. “O desafio dos políticos é conseguir fazer com que o eleitor ouça, não é nem acreditar, é ouvir o candidato, afirmou Hely Ferreira. (Folha de Pernambuco)
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