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sábado, 13 de maio de 2017

Em evento no Reino Unido, Moro é vaiado. José Eduardo Cardoso, recebido com palmas








Ao participar de uma conferência em Londres, neste sábado, o juiz Sergio Moro fez uma referência, ainda que indireta, ao modo como enxerga a condução dos processos da Lava-Jato em geral – e aquele que envolve o presidente Lula em particular. “Se o juiz for julgar pensando na consequência política, aí ele não está fazendo o seu papel de juiz. Acho que muitas vezes se faz essa confusão de que os julgamentos são políticos, quando na verdade não são”, defendeu Moro diante da plateia do Brazil Forum UK, evento realizado por um grupo de brasilianistas que são pesquisadores de pós-graduação de universidades britânicas.

Ele e o ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo participaram da mesa que encerrou a programação do dia, debatendo o papel do Judiciário na crise política. Em sua fala, Moro ainda teceu outras ponderações que podem ser aplicadas ao caso de Lula -“Tem que se entender que nesses casos envolvendo corrupção de agentes políticos, em postos de elevada hierarquia, um julgamento, seja absolutório, seja condenatório, sempre tem reflexos políticos, certo? Mas esses reflexos sempre ocorrem fora da corte de Justiça. Então, quando se condena, por exemplo, um ex-político de envergadura, alguém que teve um papel às vezes até respeitável dentro da vida política do país, inevitavelmente isso vai gerar reflexos dentro da política partidária”, afirmou.

O  advogado,e ex ministro, José Eduardo Cardozo, que defendeu a presidente Dilma Rousseff durante o processo de impeachment foi muito aplaudido. Algumas pessoas assistiam de pé ou sentados no chão.

Moro e Cardozo discursaram encerrando o primeiro dia do Brazil Forum 2017;. O tema da mesa era o papel do Judiciário na crise política.  "Não sei se alguém esperava um confronto", disse Moro. "Não dei nenhuma cotovelada nele. É uma tolice, como se não pudéssemos dividir um espaço e conversar."

Moro concentrou sua fala em questões de aplicação da lei, em grande parte abstratas. Ele justificou, por exemplo, a necessidade de prisões preventivas.

Cardozo,  afirmou que "o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe" baseado em "acusações pífias", pelo que foi recebido por ruidosas palmas. "O impeachment tem sido usado como maneira de substituir governos impopulares na América Latina, alguns sem fundamento".

Ele disse que, em um mundo marcado pela crise democrática, o Brasil é um dos melhores laboratórios, pois ali "os poderes estão em conflito aberto."

"Não adianta aplaudir quando o direito suprimido é de um adversário e vaiar quando é de um aliado", disse, em alto tom. Alguém na plateia gritou: "Arrasou!".

Quando o debate foi aberto a perguntas, a filósofa Djamila Ribeiro criticou o "discurso do populismo penal" e disse, sobre Moro, que "o fato de um juiz ser aplaudido é extremamente preocupante". Ribeiro fala no evento, no domingo, sobre questões de gênero.

"O juiz tem de julgar de acordo com a prova", disse Moro sobre sua exposição na imprensa. "Não pode julgar segundo a opinião pública." Ele afirmou, também, que há desafios no julgamento de "pessoas poderosas", quando "há a impressão de que são políticos, e na verdade não são".

Na última pergunta à mesa, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad questionou a diferença na velocidade de julgamentos como o do mensalão e o do mensalão Tucano. Ninguém respondeu.

ATRITO

A tensão entre participantes e plateia foi palpável durante todo o dia. O ministro do Supremo Luís Roberto Barroso foi chamado de "golpista"

Barroso concentrou seu discurso em sua defesa de reformas políticas. Ele insistiu em propostas como a restrição do foro privilegiado, além de transformações nas leis trabalhistas e previdenciárias.

Sobre o foro privilegiado, o ministro afirmou que o sistema "criou um país de ricos delinquentes". "O processo civilizatório existe para punir o mal, mas o sistema político brasileiro faz o oposto."

Ele descreveu o modelo atual de aposentadoria como uma transferência de renda dos pobres para os ricos. "Quando vejo um pobre contra a reforma da Previdência, fico triste: ele está sendo enganado."

A corrupção, afirmou, é um problema antigo e disseminado no Brasil, incentivado pelo contexto político. "Onde você destampa, tem coisas erradas. Onde havia uma licitação importante, tinha algum tipo de fraude. Era institucionalizado."

O Brazil Forum convidou outras personalidades brasileiras, como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-governador Ciro Gomes. No sábado, o evento foi realizado na LSE. No domingo, será em Oxford.

O fórum é organizado em parceria com escritórios de advocacia, o Uber, a Latam, a embaixada brasileira e a Fundação Lemann, entre outros.Video da vaia está aqui na uol

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