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domingo, 13 de agosto de 2017

Após 3 anos, morte de Campos tem impacto político em PE


O ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ao lado do avião que caiu em 2014
Folha de S.Paulo – João Pedro Pitombo
Os desdobramentos judiciais do acidente aéreo que matou Eduardo Campos ainda geram incertezas ao grupo político do ex-governador de Pernambuco e ao seu legado três anos depois da queda do avião em Santos (SP), completados neste domingo (13).
E podem se tornar o centro da disputa pelo governo de Pernambuco no próximo ano.
Três dos principais envolvidos na Operação Turbulência, iniciada com uma investigação sobre o arrendamento do jato no qual Campos viajava, assinaram acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal no início deste ano.
Os empresários João Lyra Pessoa de Melo Filho, Apolo Santana Vieira e Eduardo Freire Bezerra Leite prometem dar detalhes sobre transações financeiras envolvendo superfaturamento de obras ligadas ao governo de Pernambuco. Lyra era apontado como elo entre Campos e empreiteiras.
Os três empresários são acusados de formação de organização criminosa, lavagem de dinheiro, pagamento de propinas e crimes contra o sistema financeiro.
De acordo com o Ministério Público, os suspeitos teriam movimentado dinheiro de forma fraudulenta entre empresas de fachada. O esquema teria vigorado entre 2010 e 2014 e movimentado cerca de R$ 600 milhões, segundo a Polícia Federal.
Apontados como donos do avião que transportava Campos, os empresários estão sendo processados por moradores de Santos que tiveram seus imóveis danificados com a queda do avião. Também correm ações contra a AF Andrade, holding apontada como operadora do jato, e o PSB. Todos negam judicialmente responsabilidade de ressarcir os prejuízos.
Em janeiro, a PF deflagrou a Operação Vórtex como um desdobramento da Turbulência. A ação investigou a participação de uma terceira empresa, a Lidermac, na compra da aeronave.
Na época, o PSB contestou a existência de qualquer irregularidade envolvendo o partido e a empresa, alegando que fez apenas uma doação de R$ 500 mil ao PSB na campanha de 2014 de forma oficial.
O partido também afirmou ter confiança na "conduta sempre íntegra" do ex-governador Eduardo Campos.
O PSB de Pernambuco ainda enfrenta a situação de ver três dos principais afilhados políticos de Eduardo Campos serem alvo de inquéritos: o governador Paulo Câmara (PSB), o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) e o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB).
Câmara deve disputar a reeleição ao governo do Estado e poderá enfrentar nas urnas Bezerra Coelho, que negocia uma migração para o DEM.
Os dois, além do prefeito Geraldo Júlio, são alvos de inquérito na Operação Fair Play, que investiga um suposto superfaturamento de R$ 42 milhões nas obras de construção da Arena Pernambuco para a Copa 2014.
OUTRO LADO
Prefeito, governador e senador negam irregularidades. Em nota, o governo de Pernambuco afirmou que a licitação para a construção da Arena Pernambuco observou todos os requisitos, prazos e exigências da Lei de Licitações e da Lei das Parcerias Público-Privadas.
O governo ainda afirmou "sua posição de absoluta transparência na gestão de recursos públicos".
O advogado de Bezerra Coelho, André Luís Callegari, afirma que "todas as operações referentes à licitação do estádio foram julgadas regulares" pelos tribunais de Contas da União e do Estado.
Coelho também é alvo de outros três inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
A defesa do senador pernambucano classifica as acusações como "absolutamente descabidas". Por Magno Martins

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