A prisão de Carlos Artur Nuzman, arroz-de-festa do mundinho VIP nas três últimas décadas, não pode surpreender quem acompanha o mundo dos negócios nos chamados “grandes eventos”.
Quando Brizola chegou ao Governo do Rio, muita gente – e toda a mídia – criticou-nos por termos “perdido” o Grande Prêmio de Fórmula 1 para São Paulo.
“Perder” significa, em geral, no caso destes eventos, em não se vergar às exigências milionárias, absurdas, legais e ilegais de seus promotores.
E tudo isso é indissoluvelmente ligado à indústria de mídia, o que, no Brasil, atende pelo nome de Rede Globo de Televisão.
O acusado de intermediário das propinas que Nuzman teria supostamente arranjado para um dos membros do Comitê Olímpico é um cidadão chamado Leonardo Gryner, mencionado hoje no e-mail considerado “chave” para a prisão do dirigente:
“Nós estamos na sexta feira, 11 de dezembro de 2009, e meu banco Societe General de Senegal ainda não recebeu nenhuma transferência de sua parte. Eu tentei falar com Leonardo Gryner diversas vezes mas não houve resposta. Você poderia verificar com ele se ele pode confirmar 100% que as transferências foram feitas a meus endereços em Dacar ou em Moscou”, diz o filho do dirigente Lamine Diak, que teria sido corrompido.
O que não se diz na mídia é que durante muitos anos Leonardo Gryner foi diretor da área esportiva e de marketing da Globo, de onde saiu para ir para a Federação de Vôlei, com Nuzman e, de lá, sempre seu braço direito nos comitês olímpicos.
Sabe tudo sobre como o dinheiro rola solto neste mundo do esporte patrocinado.
Aliás, não só ele, toda a imprensa sabe, e há muito tempo, que a cartolagem lava, enxágua e põe o dinheiro a secar nestes eventos.
Nuzman não é o primeiro, não é o único e não será o último.
Na era do espetáculo – esportivo e judicial – o show tem de continuar.
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