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domingo, 26 de novembro de 2017

Jardim diz que Huck “renuncia” amanhã, mas quer continuar brincando


pegadinha
A coluna de Lauro Jardim dá  data e  forma à notícia que circula há três dias: Luciano Huck anunciará amanhã, em entrevista, a “desistência” da candidatura presidencial que articulou, mas jamais admitiu.
Mas esta “volta dos que não foram” é reveladora das ironias de um processo político onde as elites nunca perdem a tentação de praticar o estelionato eleitoral, servindo-se de gente cuja vaidade e ambição são tão grandes que reduzem a elas o sentido de um processo de escolha de um governante.
Assim foi com Collor, assim se tentou com João Dória, assim se faz, repetidamente, com Marina Silva.
Huck, admita-se, jogou o jogo da enganação melhor que os enganadores que quiseram “surfar” na sua popularidade televisiva.
Por dois ou três meses, os “gurus da república” desmancharam-se em rapapés e consideração para ouvir as suas “reocupações sociais”,  das quais pouco ou nada se sabe senão o conserto de carros velhos e o sorteio de casas e reformas domésticas. A rigor, seus planos até agora expostos, por exemplo, para a saúde, foram a venda de vitaminas e a propaganda de academias de “maromba”.
Ou, como disse Dilma Rousseff na entrevista publicada ontem por este Tijolaço, os “programas sociais de auditório”.
O apresentador, reconheça-se, saiu-se bem naquilo de que sempre viveu desde que iniciou sua carreira, vendendo a fantasias sado-masoquistas  da “Tiazinha”: despertar o desejo de um “chicotinho de lã” para o exercício de dominação secular de nossas elites.
Desembarca da brincadeira da “pegadinha” com mais do que entrou. De personagem folclórico, garoto já passado da badalação da night e dos salões, fez-se de alguém sério e preocupado com o país e com a população, quando nunca lhe interessaram senão a fama e o dinheiro que ela traz.
Sai dela antes de virar vidraça, com a exposição de suas ligações com aventureiros e exploradores de prestígio e de seus próprios deslumbramentos de novo-rico. Se política for entendida apenas como a arte da esperteza, então Huck é dos políticos mais capazes.
Estiveram na fila dos enganadores-enganados que atraiu personagens “sérios”  como Armínio Fraga, Fernando Henrique Cardoso, Joaquim Barbosa e a caricata representação do nada: Roberto Freire.
Da atitude de Huck, não há surpresa. Fez o que sempre fez, buscou prestígio – árvore que dá frutas verdinhas – à custa da boa fé dos que esperam dele a solução para seus problemas. Mas, é preciso registrar, nunca teve a chance de engambelar platéia tão ilustre.
Diz Jardim que Huck vai deixar a “porta aberta” para novas brincadeiras. Bobagem. Assim que anunciar que não será o que nunca foi, mas apenas um esperto que se serviu disso, não terá mais chances de sequer fingir que é.

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