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sábado, 15 de junho de 2019

"No futuro ninguém quer ser professor: Mal visto, mal pago, maltratado”


Madalena França

Joaquim Jorge defende a classe docente, questionando, inclusive, o que sentiriam os portugueses "se perdessem mais de nove anos de serviço e que não tivesse efeitos para progredirem na sua vida profissional”.

"No futuro ninguém quer ser professor: Mal visto, mal pago, maltratado”
Notícias ao Minuto
11:00 - 17/09/18 POR FILIPA MATIAS PEREIRA 
POLÍTICA JOAQUIM JORGE
De acordo com uma informação recente da OCDE, os professores das escolas
uma tendência que contraria a maioria dos países da Organização para a Cooperação e
 Desenvolvimento Económico.

Na ótica do fundador do Clube dos Pensadores, “o Governo e os portugueses têm, de 
uma vez por todas, de dizer se querem uma escola pública de qualidade. Se querem, têm ]
que ter professores bem pagos e satisfeitos com a sua profissão. Se não querem, no 
futuro não terão professores portugueses, eles virão dos países lusófonos. No futuro 
ninguém quer ser professor: mal visto, mal pago, maltratado”, defende num texto 
enviado à redação do Notícias ao Minuto. Ora, no entendimento de Joaquim Jorge, 
este relatório “prestou um mau serviço à educação portuguesa”. Em causa está, como 
alega, “os portugueses que, por sistema, são invejosos e só pensam na sua vida e 
no seu emprego. Têm muita dificuldade em colocar-se no lugar dos outros”. E têm 
“hábito gratuito: dizer mal dos outros”. O comentador atira ainda: “Gostava de saber o 
que pensam muitos portugueses se perdessem mais de nove anos de serviço e que não 
tivesse efeitos para progredirem na sua vida profissional”.
O biólogo advoga que “não podemos continuar a dividir os portugueses que trabalham
 no privado e no público. Há muitas pessoas que trabalham no privado e que afirmam, de
 uma forma espúria, que são elas que pagam os salários dos professores! Pura ignorância,
 os professores pagam tantos ou mais impostos que um privado”.
Os dados da OCDE, continua, “ são erróneos e não entendo onde os foram buscar”. 
Aliás, “era bom um professor no topo de carreira com mais de 40 anos de serviço 
ganhar 56.401 euros brutos. Pelas minhas contas aufere brutos 47.096 euros, uma
 diferença de quase 10.000 euros”. Já um professor no início de carreira “aufere 
21.420 euros brutos anuais, e não, 28.349 euros”.
Este relatório “saiu na hora exata para, mais uma vez denegrir, e manipular a opinião 
pública contra os professores. Veio na altura certa e colocá-lo a favor do Governo, neste
 braço-de-ferro. Até parece que foi encomendado pelo Governo!”, atira.
Joaquim Jorge gostava que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento 
Económico “tornasse público um relatório sobre os salários dos políticos portugueses
 e as respetivas benesses: carros, cartões de crédito, viagens, etc., em comparação com os
 políticos de outros países.
O comentador gostava ainda que a “OCDE tornasse público um relatório sobre os 
salários dos bancários e as suas benesses, comparando com os bancários de outros países.”
 E ainda “dos médicos”.
O que explica em grande medida, acrescenta, “enquanto atitude mental o nosso 
atraso secular, é a inveja, o ressentimento e o queixume como factores que obstruem o
 progresso. Eu acrescento outro: comparar o incomparável”.
Aliás, termina Joaquim Jorge, “a idiossincrasia da profissão docente não se compagina em
 comparações, lida com seres humanos diversos, é peculiar, e não é algo que tenha que dar 
lucro e se resuma a despesa. Uma sociedade que não investe na educação dos seus filhos 
não tem futuro”.

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