- Não se pode falar que a mortal tragédia em Petrópolis foi “fortuito” porque há um método de abandono
- Até na tragédia climática prevalece o racismo, que é uma praga estrutural do País
- É preciso retomar programas como ‘Minha Casa, Minha Vida’ de habitação popular
Seria possível evitar a tragédia que ceifou ao menos 54 vidas no temporal de Petrópolis, no Rio? A resposta é sim.
De acordo com o Instituto Histórico de Petrópolis, três principais rios banham a cidade na Região Metropolitana do Rio de Janeiro no estado do estado do Rio de Janeiro. A saber:
- Rio Palatino;
- Rio Quitandinha; e
- Rio Piabanha.
Em março de 2013, o Instituto de Geociências da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) publicou artigo de Luiz Henrique Alves da Silva, Eduardo Vieira de Mello e Debora Rodrigues Barbosa alertando para os desastres naturais como enchentes e deslizamentos de encostas nas décadas anteriores. [A íntegra do documento pode ser lido aqui.]
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Portanto, o poder público não pode alegar que foi “surpreendido” por São Pedro, que mandou mais chuvas que a média nos últimos anos.
Depois da tragédia, a Prefeitura de Petrópolis decretou estado de calamidade pública e informou que equipes dos hospitais foram reforçadas para o atendimento às vítimas.
Ocorre que municípios que têm cidadãos morando em situação de risco já deveriam decretar permanentemente “estado de calamidade pública” até a solução do problema de habitação e ocupação do solo.
Os municípios Areal, Três Rios e Petrópolis – na bacia do Rio Piabanha – estão fincados na ocupação em fundos de vale.
Há quase dez anos, os três estudiosos acima citados apontaram ações que iam desde regulação da ocupação dessas áreas suscetíveis à enchentes, à preservação de mata ciliar, reflorestamento de encostas, entre outras que pudessem diminuir a ocorrência desses processos. No entanto, seguindo a regra, o poder público foi omisso durante esse período.
Corroboram para tragédias ambientais como essa os empreendimentos na bacia hidrográfica do Piabanha, que possuiu barragens.
Não se pode falar que a mortal tragédia em Petrópolis foi “fortuito” porque há um método de abandono no caso concreto e em outras cidades brasileiras, cujas vítimas são mormente selecionadas: pobres, pretos e periféricos.
Até na tragédia climática prevalece o racismo, que é uma praga estrutural do País.
É preciso a retomada de programas como ‘Minha Casa, Minha Vida’ de habitação popular.
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Madalena França
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