FEVEREIRO 01, 2015 DIMAS SANTOS
Pode faltar chocolate até 2020. Essa informação foi divulgada por indústrias do setor e corroborada pela Organização Internacional do Cacau foi recebida pela população mundial com a dramaticidade só vista em situações de catástrofes naturais. Deixando de lado a cota de exagero dessa afirmação, a verdade é que assim como o cacau – ingrediente base para a confecção do doce mais amado do planeta – outros alimentos também correm algum risco: de não atender plenamente à demanda de consumo, tornando-se mais raros e caros, ou seja, iguarias, e até de desaparecerem do mercado por conta de longo período de processos exploratórios não sustentáveis. Hoje, trazemos uma lista de alguns itens que podem sumir a qualquer momento, modos de fazer quase esquecidos e o trabalho de gente que tenta não deixar que alguns sabores tradicionais sumam do mapa do gosto.
Alimentos correm risco de escassez ou de desaparecem
Era fim de 2014 quando jornais do mundo inteiro anunciaram em tom de tragédia: o chocolate vai acabar. O veredito foi dado por gigantes da indústria de doces, Mars, Inc. e Barry Callebaut, mas tem total embasamento técnico segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO) e a Universidade de Sidney. Mas não se preocupe. Na próxima Páscoa, você ainda terá ovos, só que, certamente, com preços mais altos. A matéria-prima está ficando árida. David Guest, especialista em agricultura da instituição australiana, explica que a cada ano está mais difícil atender à demanda de consumo de um mercado tão ascendente quanto o de chocolate. Países super populosos, como a China, impulsionaram o volume de produção do doce, logo, também provocaram uma importante mudança na cadeia produtiva do cacau, fruto imprescindível para a confecção da guloseima. Pelos cálculos dele, até 2020, a produção mundial de cacau precisa aumentar em 25% para manter os estoques em dia.
Quando o assunto é cacau, a preocupação de uma possível escassez também acende um alerta vermelho para João Tavares, cacauicultor em Ilhéus, na Bahia, e fornecedor de amêndoas para as brasileiras Harald e Nugali, e os franceses Alain Ducasse e Pierre Marcolini. “Não acredito que até 2020, nos falte a matéria-prima, mas com certeza o preço do produto vai aumentar. Mas a longo prazo é possível, sim, que o cacau gourmet se torne raro”, corrobora o fazendeiro, colocando ainda mais preocupação na vida dos chocólatras. Tavares acrescenta que o motivo para um cenário negativo como esse se deve também, além do crescimento vertiginoso do consumo do doce negro, é a falta de áreas apropriadas para o cultivo do cacau. A cultura só progride nos trópicos, áreas quentes e úmidas, como o Nordeste do Brasil, oeste da África e também no sudeste da Ásia, ou seja, praticamente não há mais para onde ir. Solução? “É investir em técnicas que garantam a longevidade do cultivo e intensifiquem a produtividade sem subtrair da qualidade das amêndoas”, explica o desafio que tem daqui para frente.
Continua…
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