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Aos 89 anos, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman elogiou o chamado ‘milagre brasileiro’ no combate à desigualdade social nos últimos anos. Em entrevista ao jornalista Alberto Dines, no programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, o intelectual disse acreditar que o País está no caminho certo, mas os desafios ainda são enormes neste “milagre inacabado”.
“Vocês estão no caminho certo e eu espero de todo o meu coração que vocês cheguem lá. Eu apenas direi que os representantes de 66 governos do mundo vieram para o Rio de Janeiro para se consultarem, para aprenderem sobre a experiência de retirar 22 milhões de pessoas da pobreza. Ninguém mais repetiu esse milagre, só o Brasil. Desejo que continuem isso, mas também agora algumas deficiências estão vindo à tona”.
Autor de 35 livros, Bauman esteve no Brasil no mês passado. O autor vem tratando de temas da atualidade em seus trabalhos mais recentes. Em Amor Líquido, o sociólogo debate as relações cada vez mais ‘liquefeitas’, vinculadas a uma série de elementos tecnológicos, os quais levam a sociedade cada vez mais a um senso de que “nada é feito para durar”.
“A maioria das pessoas que usam computadores tentar criar para si uma zona de conforto, como uma câmara de eco, ou um corredor de espelhos, no qual a única coisa que você vê é a si mesmo. É algo que você não pode criar na rua. É simples, é só você parar de visitar sites que você não gosta. Na rua você não pode escapar do que não gosta”.
Além disso, Bauman analisou que a humanidade vem perdendo a capacidade de concentração, o que torna tudo transitório e pouco atrativo. Parte do problema repousa no excesso de informação, algo que nem sempre deixa a pessoa mais inteligente ou sábia. Outro desafio é a abordagem levada, por exemplo, pelo setor educacional a alunos cada vez mais dispersos.
“A habilidade de focar está muito difícil, está desaparecendo, e requer paciência e atenção. Nosso obstáculo é o excesso de informação”.
Apesar das dificuldades do presente, Bauman prefere não fazer previsões para o futuro, embora tente seguir um mantra pessoal: “Sou um pessimista no curto prazo e um otimista no longo prazo”.
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