Tendência para este ano, alertam médicos especialistas, é que ocorrências das duas doenças, além da febre chikungunya, aumentem devido a proliferação do mosquito Aedes aegypti
Dados do Ministério da Saúde atestam que a dengue
matou 839 pessoas em 2015, 80% mais do que os óbitos registrados no ano
anterior. Um cenário que tende a piorar ainda mais em 2016. Neste ano,
segundo os especialistas, os casos de dengue, chikungunya e zika vírus,
doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, devem continuar a subir.
"Isso
acontece porque o número de criadouros é infinito. Uma tampinha de
plástico no chão pode se tornar um criadouro”, explica Paulo Olzon,
infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Por
isso, a principal arma contra o mosquito é mesmo a prevenção. E isso
depende do engajamento de cada um. "Se as pessoas continuarem a ter
descaso como estão tendo, se não entenderem que são responsáveis por
isso, é claro que vamos ter alta no número de ocorrências", afirma Jean
Gorinchteyn, infectologista do Instituto Emílio Ribas. "80% dos focos de
reprodução estão nas casas, já foi constatado isso, então as pessoas
têm de olhar seu quintal e também o do vizinho. É um problema de
comunidade e não só de saúde publica”, alerta o médico. "Os episódios só
irão diminuir caso a população mude de atitude", completa.
Uma
mudança que envolve metas fáceis de serem cumpridas e conhecidas por
quase todos: é preciso cuidar para que não haja água água parada em
pneus velhos e vasos de plantas e caixa d’água destampada. Até ralos não
utilizados com frequência são alguns dos locais que o mosquito adora
depositar seus ovos.
Mosquito famoso e perigoso
O Aedes aegypti
já era bastante conhecido por transmitir, principalmente, a dengue e a
febre chikungunya. Os casos das duas doenças costumam aumentar
principalmente no verão, por causa das altas temperaturas e do período
de chuvas. No entanto, em abril do ano passado, um novo tipo de vírus
transmitido pelo mosquito foi identificado no País, o zika. A infecção
seria responsável, segundo confirmação do Ministério da Saúde, pelo
aumento dos casos de microcefalia (condição neurológica em que o cérebro
do bebê é menor que o normal) no País. Mas alguns médicos acreditam que
ainda é muito cedo para confirmar essa associação."Acredito que essa relação não está muito esclarecida. Tem outras coisas que podem causar microcefalia, como a rubéola e a toxoplasmose. Na minha opinião é necessário um estudo completo para se afirmar isso, porque está causando pânico total”, diz Olzon.
Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia
e professor da Faculdade de Medicina do ABC, Juvêncio Furtado tem a
mesma opinião sobre a relação entre o zika vírus e a microcefalia. “É
muito recente para se afirmar com segurança. Tudo leva a crer que esteja
ligado, mas não podemos afirmar definitivamente, pois ainda está numa
fase inicial de estudo”, declara.
No entanto, segundo o
especialista, as grávidas devem se prevenir. “Não ir para regiões
endêmicas, evitar grandes áreas principalmente no fim da tarde, que é
quando o mosquito mais pica, e usar repelente são algumas das ações
indicadas."O zika vírus gera sintomas como febre, dores no corpo, manchas na pele e conjuntivite em alguns casos. A doença, que em adultos também pode causar a Síndrome de Guillain-Barré – doença autoimune que causa uma espécie de fraqueza nos músculos, podendo afetar até mesmo os músculos vegetativos, que são aqueles que controlam a respiração e deglutição –, ainda não tem um tratamento específico. Os médicos apenas receitam medidas sintomáticas, ou seja, medicações para aliviar os sintomas do paciente.
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