janeiro 18, 2016
Dimas Santos
Presidente da OAB, Marcus Vinicius (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Folhapress
O
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Movimento de Combate à
Corrupção Eleitoral (MCCE) vão instalar comitês em todos os municípios
brasileiros para fiscalizar, conscientizar e receber denúncias de
cidadãos sobre irregularidades no financiamento de campanhas para
prefeito e vereador nas eleições deste ano. As informações são da
Agência Brasil.
Para
isso, as entidades pretendem utilizar mais de 1,3 mil seções regionais
da OAB e paróquias espalhadas pelas cidades para mobilizar a população
no combate ao recebimento de doações não-declaradas pelos candidatos, o
chamado “Caixa 2″.
De
acordo com a OAB, desde a proibição das doações de empresas a campanhas
eleitorais, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro de
2015, aumentou o risco dos candidatos se valerem de recursos que não
tenham como origem pessoas físicas ou partidos, únicas fontes permitidas
hoje para financiamento de campanhas.
Continua…
A
campanha quer mobilizar advogados e contadores a prestarem
gratuitamente seus serviços para auxiliar a Justiça Eleitoral na
fiscalização de campanhas suspeitas, assim como conscientizar o eleitor a
suspeitar de candidatos cujas campanhas tenham a aparência de
incompatíveis com os recursos arrecadados.
“Vencedora
como foi a luta contra o investimento empresarial em candidatos e
partidos, agora é chegada a hora de a sociedade se unir contra o caixa 2
nas eleições. Queremos comitês em todo o Brasil para denunciar e
apresentar à sociedade, ao Ministério Público e à Justiça elementos
exteriores, sinais exteriores de caixa 2″, informou o presidente da OAB,
Marcus Vinicius Coêlho, durante cerimônia de lançamento da campanha.
“A
campanha tem também a função de concientização do eleitor a não votar
em candidatos com campanhas hollywoodianas”, acrescentou Coelho.
Entre
as 46 entidades que participaram, na sede da OAB, em Brasília, do
movimento de apoio e participação da campanha destacaram-se a Associação
Nacional de Procuradores da República, a Associação dos Juízes Federais
do Brasil e a Associação dos Delegados de Polícia Federal, entre
outras.
A
CNBB mobilizará mais de 5 mil paróquias no país para instruir eleitores
na fiscalização dos candidatos. “Queremos que pessoas vinculadas à
igreja nas comunidades ajudem a compor esse comitês, de modo a ajudar no
trabalho de vigilância do processo eleitoral. Em todos os municípios
existem comunidades cristãs e de outras religiões”, afirmou o
representante da CNBB, dom Joaquim Giovanni Mol Guimarães.
“Falamos
há pouco da necessidade de haver uma cartilha, muito simples, popular e
fácil de ser compreendida por qualquer pessoa, a fim de instruir as
pessoas a exercerem a cidadania e fiscalizarem o processo eleitoral.”
Segundo
Márlon Reis, da Associação de Magistrados do Brasil e um dos
idealizadores da Lei da Ficha Limpa, as mudanças introduzidas pela
minirreforma política aprovada no ano passado pelo Congresso
possibilitaram o lançamento da campanha promovida pela OAB.
“São
três elementos que considero importantes: a conquista da proibição das
doações ocultas, a prestação de contas que os candidatos devem fazer
ainda durante a campanha, praticamente em tempo real, e a limitação dos
gastos de campanha”, destacou o juiz. “Temos, portanto, algo com que
trabalhar.”
A
OAB prometeu pressionar o Congresso Nacional a aprovar, ainda no
primeiro semestre deste ano, a criminalização do caixa 2 nas campanhas
eleitorais.
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