Ricardo Noblat
No
dia em que se soube que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
pediu ao Supremo Tribunal Federal a prisão do presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), do ex-presidente da República José Sarney
(PMDB-AP) e do senador Romero Jucá (PMDB-RR), o presidente interino da
República, Michel Temer, decidiu contemporizar com dois dos seus
auxiliares investigados por irregularidades.
Coincidência,
certamente. Mas que serve para confirmar a imprudência de Temer quando
está em jogo o destino de um governo tão vulnerável como parece ser o
dele. Foi de Temer a decisão de enfrentar o que ministros chamam de “a
maldição das segundas-feiras”. Nas duas segundas-feiras anteriores, ele
se viu forçado a afastar dos cargos auxiliares em apuros – um deles,
Romero Jucá, ministro do Planejamento.
Temer
se recusa a ser “pautado” pelo noticiário da imprensa. Nada mais justo.
Porém, nada mais insensato do que ignorar fatos. É fato que o ministro
Henrique Eduardo Alves, do Turismo, amigão do peito de Temer, está sendo
investigado pela Lava-Jato sob a suspeita de ter recebido propinas. E é
fato também que Fátima Pelaes, escolhida para a Secretaria de Mulheres,
é investigada por desvio de emendas parlamentares no âmbito da Operação
Voucher.
Qual
foi a desculpa de Temer para não se livrar dos dois? No caso de Eduardo
Alves, porque ele já era investigado antes de ser nomeado ministro. No
caso de Pelaes, porque análise feita pela Agência Brasileira de
Inteligência apontou que nenhum problema legal a impede de ser nomeada.
Temer não entende – ou finge não entender – que não se trata de problema
legal. Trata-se de problema ético. É de ética, de moral que estamos
tratando.
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