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A grande demanda de obrigações destinadas aos profissionais, assim como a carga horária de trabalho que as acompanha, acaba por trazer um impasse tanto para pais, mães e responsáveis, quanto para quem está se planejando para formar uma família: como dar atenção suficiente aos filhos, acompanhar suas rotinas de desenvolvimento, estar presente em suas vidas, criar uma boa relação com eles e ainda trabalhar de oito a dez horas por dia, dependendo do emprego? É muito difícil conciliar as duas coisas e a situação ainda piora ao pensar que, além do desenvolvimento cognitivo, é preciso trabalhar aspectos sociais e culturais, coordenação motora, valores e também o lazer, que não pode faltar em uma rotina saudável.
Ser responsável por uma criança também vai muito além de proporcionar atividades variadas, é preciso acompanhar tudo de perto, as obrigações, as dificuldades, as evoluções; e ainda levar em consideração fatores como a influência da comunidade, alimentação, saúde e segurança. Quando se trabalha, deslocamentos no trânsito, horários apertados e renda disponível também limitam as possíveis soluções para a difícil tarefa dos pais. Foi pensando em uma forma de facilitar essa relação que muitas escolas passaram a disponibilizar o chamado contraturno: projetos educacionais que são trabalhados dentro da escola no horário oposto ao das aulas.
São atividades esportivas e culturais, assim como ajuda para fazer os deveres de casa, disponíveis não apenas para alunos, mas também para a comunidade de forma geral, que contam com a orientação de professores e constante acompanhamento. Além de ocupar as oito horas da rotina em que os responsáveis estão trabalhando, é uma forma de garantir uma assistência profissional ao desenvolvimento das crianças, em um ambiente seguro e com o qual elas e os pais já estão familiarizados.
A prática de esportes e modalidades artísticas são uma forma divertida de desenvolver valores como disciplina, responsabilidade, cooperação, cumprimento de normas e condutas, através de uma rotina flexível e variada de atividades prazerosas. Os alunos, além de terem benefícios físicos e de saúde, aprendem coisas novas sobre assuntos que gostam e até desenvolvem novas habilidades.
O que os pequenos acham dessa história?
Cézar Augusto tem 9 anos e está cursando o 4º ano do ensino fundamental. Ele fica na escola todos os dias pela parte da tarde para fazer capoeira, tênis, judô, teatro e também estudo dirigido, onde termina os deveres. “Antes eu passava o dia todo jogando videogame sozinho lá em casa, agora eu aprendo muitas coisas diferentes, corro muito e faço muitas apresentações de várias peças diferentes”, conta Cezar, que além de se divertir, percebeu que está bem mais fácil acompanhar as aulas durante a parte da manhã: “a tia me ajuda a entender as tarefas e eu acabo bem mais rápido, as vezes sobra tanto tempo que eu peço por favor para ela deixar desenhar”, completa.
Ao final de um dia cheio, a energia praticamente acaba e fica bem mais fácil conseguir dormir cedo. A Clara Pereira, com 6 anos e cursando o 1º ano do fundamental, no entanto, tem tanta disposição que nem oito horas de afazeres acabam com a animação dela. Ela faz um pouco de tudo durante o contraturno: natação, teatro, judô, balé, estudo e canto coral, mas mesmo com todas essas atividades, chega em casa sem estar nem um pouquinho cansada: “eu só quero brincar, brincar, brincar, até não aguentar mais e cair no chão de tanto sono”, afirma.
No entanto, Clara percebeu uma grande diferença na mudança de rotina: “antes de vir para cá, eu brincava o dia todo, é o que eu mais gosto de fazer, mas de noite quando minha mãe chegava, eu tinha que sentar com ela para contar do dever e aí quando acabava, já estava na hora de dormir e eu ainda queria brincar muito. Agora ela só pergunta como foi o meu dia e eu posso ir brincar até... dormir!”, explica. Agora que ela tem a ajuda da professora para orientar nas tarefas de casa, passa muito menos tempo ocupada com as obrigações e muito mais tempo se divertindo, então quando a mãe diz que está na hora de dormir, ela já está satisfeita com as brincadeiras e aceita numa boa. Miguel Bizzo, 8 anos e cursando o 3º ano do ensino fundamental, também identificou uma grande mudança no relacionamento com os pais, principalmente durante o jantar. “Meus pais perguntavam se eu tinha feito o dever, se estava fácil ou difícil e se eu tinha conseguido terminar tudo. Agora eles só perguntam como foi o meu dia e a gente conversa sobre várias outras coisas, principalmente sobre teatro, que é o que eu mais gosto”, revela. Ao terminar todas as obrigações ainda na escola, sobra tempo para Miguel fazer coisas divertidas com seus pais durante a noite, depois que chegam do trabalho, como ver um filme ou jogar alguma coisa.
Ficar mais tempo na escola tem um gostinho especial para o Miguel: lá ele pode conhecer um monte de novos amigos, de várias idades e várias situações diferentes, e aprendeu que todo mundo é igual quando está fazendo teatro ou algum esporte. Além disso, ele pode correr e se divertir e fazer o que gosta em um ambiente no qual se sente protegido. “Quando não venho para a escola, eu não saio muito para brincar porque é perigoso, tem assalto na rua. Meus amigos vão lá para casa e a gente brinca. Mas eu gosto mesmo é de jogar futebol”, conta. Identificar talentos e hobbies, que podem se desenvolver em futuras carreiras, também é outro ponto positivo das atividades extracurriculares. Clara, por exemplo, descobriu que ama cantar, e Miguel já está bem certo de sua futura profissão: “vou ser o próximo Cristiano Ronaldo!”, afirma.
A rotina cheia também é uma forma de distanciar um pouco as crianças das tecnologias, passar a tarde inteira substituindo o videogame por esportes é uma forma de manter a saúde e gastar energia. Fica bem difícil também mexer no celular enquanto corre. Maria Amaral, 9 anos e cursando o quarto ano do fundamental, mesmo assim sente grande dificuldade em largar o aparelho enquanto está na escola, “são tantos aplicativos legais, tem um de dublagem que é o meu favorito e eu simplesmente não consigo ficar sem usar, é tão divertido”, confessa, mas deixa claro que se em algum momento tivesse que escolher entre ter um celular e fazer as aulas do contraturno, ela não teria dúvidas: “as atividades!”, declara.
O projeto EDUCO
O Centro de Ensino Candanguinho, CECAN, oferece um programa de contraturno chamado EDUCO – Educação Complementar. O projeto disponibiliza classes extracurriculares voltadas para esporte, cultura e tecnologia, para crianças tanto da escola quanto da comunidade. As turmas vão desde o berçário até o ensino médio, sendo algumas niveladas por idade e outras por experiência. Além das aulas, as refeições e a realização das tarefas com acompanhamento acontecem também na escola. A estrutura do colégio possui quadra aberta e coberta, piscinas, cozinha experimental, playgrounds, auditório, salas de estudo, dança, lutas, musicalização, teatralização e também fornece os materiais de uso coletivo.
As atividades disponíveis são artesanato, balé, basquete, capoeira, karatê, estudo dirigido, futsal, ginastica artística, judô, música, natação, patinação, psicomotricidade, tênis, teatro, vôlei, dança e outras. Ainda há a opção do integral bilíngue (inglês/ português). Nesse caso, com certificação também no currículo americano. As inscrições para o Educo começam em dezembro. Para mais informações, ligue 3051-9265 ou 3051-9250.
Fonte:correiobrasiliense.
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