Com o fim da 2ª Guerra Mundial, os Estados Unidos transformaram sua supremacia militar em supremacia econômica na Conferência de Breton Woods, que criou – além do FMI – o dólar como padrão universal de trocas, abolindo o velho “padrão ouro”.
Mesmo em transações diretas com outras moedas, como a referência de cada uma delas é a moeda norte americana, o comércio mundial é em dólar, que é de circulação universal e, portanto, ainda tem a vantagem de poder ser emitido sem consequências inflacionárias internas.
Hoje, o site oficioso russo Sputnik publica que o Banco Popular da China anunciou ter criado um sistema de pagamento que permite realizar transações tanto em yuan como em rublo, no comércio com a vizinha Rússia, dispensando as conversões e referências em dólar.
Esta plataforma permitirá aos dois países evitar pagamentos recíprocos em dólar. Segundo o comunicado do CFETS (Sistema de Comércio Cambial da China) , o novo sistema reduzirá os riscos relacionados ao câmbio de moeda e melhorará a eficiência do mercado de divisas.
Ao mesmo tempo, anunciou que está disposto a criar mecanismos semelhantes com os países a leste da Rússia, na linha da famosa “rota da seda” precursora do comércio China-Europa desde a idade média.
Ou seja: quer caminhar para um comércio Euro-Yuan, sem intermediação do dólar.
Não parece ter sido coincidência que seja anunciado no dia seguinte ao anúncio dos EUA de que vai deixar a Unesco, partindo para uma politica externa isolacionista que, claro, tem suas raízes nas trocas monetárias e econômicas.
Como definiu ontem, numa ótima frase, o comentarista Guga Chacra, da Globonews, em lugar do G-7, do G-20 e de outros organismos multilaterais, o Governo Trump parece estar querendo criar o G-Zero, o bloco do “eu sozinho” mando em tudo.
Os chineses amam ver os EUA assumindo, sozinhos e sem ninguém os provocar, o papel de vilão.
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