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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Estudante de jornalismo comete suicídio após relatar dor e sofrimento nas redes


Redação Pragmatismo
BARBÁrie

Jovem brasileira de apenas 20 anos deixa inúmeros amigos e admiradores. Ela publicou nas redes sociais um texto metafórico em que pedia ajuda, mas ninguém entendeu. A estudante foi encontrada enforcada pela irmã

suicídio Dáleti Jeovana
Dáleti Jeovana
A estudante de jornalismo da Universidade Federal do Tocantins (UFT) Dáleti Jeovana se matou aos 20 anos. Dáleti era uma ativista negra e cometeu suicídio na noite do último sábado, 22/10, por volta das 23h30.

Dáleti estava na sala da casa onde morava com uma amiga e a irmã, em Palmas. Ela se retirou dizendo que iria tomar banho. Por causa da demora, a irmã foi chamá-la e a encontrou enforcada.
Pouco tempo antes de se matar, no dia 17 de outubro, a jovem publicou em seu Facebook pessoal um texto metafórico sobre a vontade de “Ana” de se suicidar.
No texto, Dáleti falava sobre o suicídio da dor, do sofrimento e da desesperança; isto é, o suicídio da alma. Na verdade, ela estava se referindo a si própria, mas ninguém compreendeu.
Dáleti deixou centenas de amigos chocados com a sua morte precoce. Ela era filha de pastor e órfã de mãe. A rotina árdua de trabalho e estudos lhe impôs sobrecarga de problemas e responsabilidades, mas ela nunca procurou um psicólogo, dizem amigos próximos.

Depressão

O suicídio tem sido um caminho recorrente para sanar dores e depressões da alma. No Brasil, o suicídio de jovens não para de crescer: dados mostram que, em 12 anos, a taxa de suicídios na população de 15 a 29 anos subiu de 5,1 por 100 mil habitantes em 2002 para 5,6 em 2014 — um aumento de quase 10%.
Confira o texto publicado por Dáleti dias antes de se suicidar:
Essa hora do dia
Ana pensa em suicídio.
Ana planeja como suicidará seu sofrimento.
Ela planeja o suicídio de sua depressão, sua ansiedade.
Ana só quer ter um tempo para si, e não mais se cobrar além do limite.
Ana só quer um tempo para si, tempo de respirar, estudar, trabalhar, sem nenhuma pressão ou obrigação.
Ana só quer que cada palavra que saia da sua boca, não seja interrompida por um gaguejo de ansiedade.
Ana quer matar, quer abandonar, quer se livrar, dos laços, dos enlanços, do passado, do sapato apertado, da missa, da reza, das prisões que a cercam.
Ana quer matar o silêncio, não quer mais fingir que está tudo bem. Mas ela sabe que todos já estão cansados de seus relatos e histórias tristes.
Ana ao meio dia pensa em suicídio, o suicídio do sofrimento, da dor, da desesperança, do desespero.
Ana pensa em suicídio, suicídio, do amargo, dos trapos, da dor.
Suicídio da alma.

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