A manchete da Folha, hoje, dizendo que o “Mercado flerta com agenda reformista de Bolsonaro” e que o vê como alternativa “palatável” a Lula é uma tragédia. Para o jornalismo e para o país.
Bolsonaro não é, ainda, o “candidato do mercado”. Apenas – e incrivelmente – poderá ser.
O “mercado” de quem fala a reportagem, abertamente, só tem um nome: Gerald Brant, identicado como banqueiro que é, na verdade, “analista de investimentos alternativos” – CAIA, na sigla em inglês, de Chartered Alternative Investment Analyst – de uma empresa de investimentos sediada em Nova York que, com o Brasil, tem como única ligação dois fundos – um de ações (“private equity”) e outro cambial (“hedge”).
Os outros “mercadistas” ouvidos admitem, muito reticentes, que Bolsonaro é, de fato, “menos ruim” que Lula.
Termina aí a tragédia jornalística, a de apresentar Bolsonaro como alguém com quem o “mercado flerta”, o que não corresponde à realidade, e começa a tragédia do país: o “mercado”, de fato, prefere qualquer coisa que se oponha a Lula, até um brucutu desequilibrado que, depois de açular matilhas de seguidores e protagonizar cenas insólitas, veste a conveniente fantasia de “reformista”, que a reportagem chama de “agenda”.
O curioso é que “o mercado” ganhou – e ganhou muito – nos governos de Lula.
Não lhes basta, porém.
Querem a completa dilapidação do país, de suas riquezas e a subjugação completa de seu povo.
Não procuram um líder, alguém com visão de Estado, com projetos para o país.
Buscam um feitor que, nem que use a força, nem que seja com o auxílio de milícias, criar um governo que reúna fundamentalistas e estabeleça o controle da nação pela força, pois pela política Michel Temer não lhes deu.
Esta camada de “operadores” não tem, como os “capitães de indústria” do passado nem sequer a ideia de construção de riqueza, muito menos a da sua distribuição, o que aqueles também não tinham.
O negócio deles é o saque, pegar e sair logo que possível.
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