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sábado, 11 de novembro de 2017

Eu não sei o que é ideologia de gênero. Mas sei o que é estupidez


ideo
Só  conheço a dona Judith Butler de Google e nem sei – não vi escrito em lugar nenhum – que ela proponha uma tal “ideologia de gênero”.
O que li de suas teorias é de que menino/menina, além dos cromossomos XX/XY são construções sociais e culturais.
Não me pareceu nada revolucionário. Ao contrário, coincide com opiniões bem conservadoras que sempre ouvi, de que menino criado no meio de meninas acabava brincando de boneca e…sei lá. Como a de que menina que andava com a tropa de meninos, quem sabe até jogando futebol, virava João.
O fato é que, bobagem ou não, pode até ser objeto de especulação acadêmica, científica. É dela que, certa ou errada, vai se produzindo o conhecimento.
Mas, no campo da vida de um ser humano não está em discussão. Cada um, diz bem Caetano Veloso, sabe a dor e a delícia de ser o que é. Ou de o descobrir.
Seja como for, não é problema meu, exceto no que tange a respeitar, não formar conceitos sobre caráter em função de gênero – seja o gênero o dito “natural” ou o “assumido ou imaginado”e reconhecer a soberania do indivíduo sobre seu corpo, sua vida e seus desejos. Tratar como igual, numa palavra.
A aceitação da diversidade é o exercício mínimo da civilização contemporânea, ainda que não signifique concordância. Posso entender que um pai ou mãe, por formação,  não fique feliz ou sequer  se sinta à vontade que seu filho ou filha seja homossexual. Não posso, porém,  entender que um pai ou mãe renegue ou deixe de amar e proteger filho ou filha por isso.
Tenho um primo, gay assumido, feliz e considerado numa pequena cidade do interior, conservadora até no nome: Conservatória.
Tive uma tia-avó que  tomou formicida, literalmente, porque deu “o mau passo”, engravidou e teve a criança, minha prima.
O que é melhor?
Quando vejo meia dúzia de energúmenos irem a um aeroporto xingar a D. Judit e dizerem “queimem a bruxa”, não posso deixar de  lembrar do meu avô, conservadoríssimo e de seu “em mulher não se bate nem com uma flor”,  que mais antiquado não poderia haver.
E como ele é moderno diante do que pratica tanta gente urbana e estudada!
Era um semianalfabeto, mal escrevia o nome, de hábitos conservadores, criado dormindo na palha de um curral na roça.
Nem por isso era um animal.
A turma do “queima a bruxa” coloca no extremo a nossa capacidade de considerarmos a todos como sendo de um só gênero.
O gênero humano.

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