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terça-feira, 7 de novembro de 2017

Merval quase apela para cassarem Lula em nome de “candidato de centro”


mervalsard
Merval Pereira, o mais qualificado intérprete do “pensamento Globo” na política, esteve hoje à beira de fazer um apelo para que a candidatura do ex-presidente Lula seja cassada, para que um candidato decentro, como ele chama Geraldo Alckmin, possa ter chances eleitorais. Veja o insólito diálogo que manteve hoje com Carlos Alberto Sardenberg, no Jornal da CBN:
Sardenberg – Quer dizer que você acha que o Alckmin não tem chance numa disputa com o Lula e Bolsonaro?
Merval – Acho que não. Do jeito que a coisa vai, nessa campanha, a presença do Lula, radicalizando como em 89, chama um candidato mais agressivo, como foi o Collor em 1989. E acho que este papel vai ser o papel do Bolsonaro.(…)acho que os eleitores estão a fim de disputar, estão a fim de radicalizar, de um lado ou de outro. Não tem espaço para um candidato moderado como o Alckmin.
Sardenberg – Mas você acha que  isso está de barato ou ainda tem chance de mudar até o final do ano?
Merval – Eu acho que tem chance de mudar se o Lula sair da competição. Se o Lula não sair da competição, acho que o clima vai ser esse o tempo todo, porque ele está muito radical e não tem mais campo para ele voltar atrás, como fez em 2002(..)
Sardenberg – Mas aí você está dizendo que o Bolsonaro é favorito?
Merval – Eu acho que, num segundo turno com Lula, o Bolsonaro tem grandes chances de ganhar.
Sardenberg – E você acha que não tem a chance de aí, no meio do caminho, um terceiro nome do “centrão”, que seria o Alckmin?
Merval – Tem o Alckmin, mas eu acho que um nome para disputar nessa eleição radicalizada e populista teria que ser alguém do tipo do Huck, que não é radical, mas é popular. Pode fazer uma campanha populista. O programa dele que distribui… que conserta carro velho, que distribui casa. é tipicamente um programa populista. A marca dele é uma marca populista. Eu acho que um candidato deste tipo pode disputar, na base do populismo, pode disputarcontra Lula e Bolsonaro.
Vejam a sequência do raciocínio.
Primeiro, não há espaço para um candidato de “centro” crescer. Como, se as pesquisas deixam perto de 20% dos eleitores, segundo todas as pesquisas, mais do que tem o segundo colocado, Jair Bolsonaro? E Bolsonaro, a menos que arraste algum partido expressivo, está confinado a um tempo de televisão que mal dará para dizer: “Meu nome é Jair, bang-bang!“.
Segundo: Lula está “radicalizando” a campanha? O sujeito é xingado, perseguido, acusado. malhado na mídia como Judas em Sábado de Aleluia e está “radicalizando”?
Terceiro, de onde Merval  tirou a ideia de que Bolsonaro ganharia de Lula, se as pesquisas que simulam este segundo turno, como fez o Datafolha, no finalzinho de setembro, apontam que esta seria uma das vitória mais fáceis de Lula, por 47% a 33% (59% a 41% nos “votos válidos”).
Merval segue na linha da “polarização” Lula x Bolsonaro que a mídia agita para que o medo faça  ser viável uma candidatura anódina, como a de Luciano Huck que, quem diria, Merval saúda por seu estilo populista de “consertar carro e distribuir casa”.
Até populista na base  de “consertar carro e distribuir casa” serve, desde que seja da Globo?
O que fica, afinal, desta conversa de “militantes do establishment” é o apelo, quase desesperado: “cassem Lula, cassam logo, senão estamos perdidos!”
Para você, se quiser, verificar se não exagero, vai abaixo o áudio da CBN.

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