No filme – um clássico, imperdível (querendo, assista aqui)- “Corações e Mentes”, sobre a Guerra do Vietnã, há um momento em que o comandante das forças norte-americanas, general William Westmoreland, diz das dificuldades das forças imensamente superiores dos EUA, porque “os orientais não são como nós, eles não dão tanto valor à vida. E promete “libertar” os vietnamitas, mesmo que eles “não queiram”.
Foi o que veio à mente ao ver a manchete do site da Folha, onde Michel Temer admite que pode (e vai) perder a votação da reforma da previdência.
“O presidente Michel Temer admitiu nesta segunda-feira (6) que a reforma previdenciária pode não ser votada, mas defendeu que isso não inviabilizará o governo federal.Na abertura de reunião com líderes da Câmara dos Deputados, ele disse que continuará a defender a aprovação da iniciativa, mesmo que a população, a imprensa e o Congresso Nacional sejam contra ela.
Um governante que confessa assim o seu fracasso, claro, dá a batalha como perdida e convida ao suicídio os que ficarem com ele.
O suicídio político de Michel Temer importa muito pouco ,porque , sob este aspecto, ele já está morto, apenas à espera o sepultamento eleitoral.
A declaração de hoje é como dizer que ” se enterrem junto a mim”
Tirando os “tucanos de terracota”, dispostos a acompanhar o trêfego imperador, a turma pragmática diz a si mesma: ” e porque eu vou entrar nesta”?
Resta perguntar aos tucanos padrão “FH”, tão avessos a Temer e tão pró-reforma da Previdência se irão acompanhar o capitão que naufraga com o navio.
Não se estranhe que a declaração de Temer tenha vindo um dia depois de Fernando Henrique dizer: abandonem o navio de Temer mas apoiem as reformas (a da Previdência, que é a única que há).
Temer sabe deixar mal os que abandonam o navio, porque lidar com ratos é, para ele, estar em casa.
Diz que vai dar aos brasileiros a reforma que eles não querem, mas precisam, na visão dele e do PSDB.
Como o general Westmoreland, vai tentar nos “libertar”, ainda que não queiramos.
Convenhamos, ser empurrado para uma posição moralmente insustentável como Fernando Henrique está sendo levado por Temer, é “dose pra leão”.
Para ser acuado moralmente por um rato é preciso ser algo ainda pior.
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