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segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Moro quer reciclar lixo bolsonarista para conquistar eleitor da direita, por Milton Alves

 Milton Alves: Moro quer reciclar lixo bolsonarista para conquistar eleitor da direita


Por Milton Alves*

Após a filiação de Sergio Moro, ex-juiz e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, ao Podemos nessa semana, uma guerra feia e suja foi desatada entre as facções lavajatistas e bolsonaristas, que compartilham dos mesmos ideários e valores políticos conservadores: ultraliberais na economia e autoritários no terreno político e na gestão da máquina estatal. Para usar uma imagem: E como se fosse uma luta no gel entre os generais Heleno, bolsonarista raiz, e Santos Cruz — um fanático lavajatista.

O projeto eleitoral do partido lavajatista para se viabilizar necessita avançar sobre uma expressiva fatia do eleitorado do presidente Jair Bolsonaro. Os primeiros sinais dessa guerra foram verificados no decorrer da semana. E promete muita troca de chumbo grosso nos próximos meses.

No evento de filiação em Brasília promovido pelo Podemos, Sergio Moro lançou as bases de sua mensagem política, um discurso que resgatou as velhas bandeiras da campanha bolsonarista e abandonadas pelo presidente Jair Bolsonaro no governo. É o mais do mais mesmo do lixo da extrema direita — autoritarismo, agenda neoliberal e salvacionismo. Moro tenta reciclar o bolsonarismo, com as tinturas moralistas da Lava Jato.

Moro e sua turma apostam no definhamento do apoio do eleitor de direita e extrema direita ao presidente Bolsonaro. O cálculo considera que o casamento político com o Centrão, o abandono da pauta anticorrupção e as dificuldades econômicas podem provocar a fuga do eleitor conservador em direção ao ex-juiz.

A aposta de Moro precisa convencer também os segmentos do andar de cima que estão velozes e furiosos para arrancar o máximo de ganhos, que atuam na rapina sem precedentes do orçamento nacional via especulação financeira e a ciranda lucrativa com os títulos do tesouro nacional.

Para essa gente pragmática e voraz, a pregação moralista e salvacionista da Lava Jato é apenas um verniz, boa como bandeira de campanha, mas que não ajuda quando da conquista do governo.

A candidatura de Sergio Moro para se firmar precisa avançar sobre o eleitorado bolsonarista, é o primeiro e principal desafio do candidato do Podemos — o que vai exigir de Moro um duro enfrentamento nos próximos meses contra as resilientes legiões de Bolsonaro.

É verdade que o baronato da velha mídia, principalmente a Rede Globo, Veja e a Folha de São Paulo, ficou animado com o lançamento de Moro, que engrossa a fila de candidatos no vestibular da 3ª via — que padece até o momento de um acentuado raquitismo eleitoral.

Em seu discurso Moro caprichou na pegada autoritária e salvacionista. Apresentou a ideia de um novo tribunal, uma tal “Corte Nacional Anticorrupção”, um verdadeiro tribunal de exceção — uma proposta que atropela o atual ordenamento do Poder do Judiciário do país, integrado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ou seja, a criação de um órgão de tipo especial, uma justiça de exceção, tão ao gosto dos instintos neofascistas do lavajatismo

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