A Folha de S.Paulo, que torce pelo mercado, afirma neste sábado (15/01) que as as Forças Armadas demonstraram distanciamento do governo do capitão reformado do Exército Jair Bolsonaro (PL) enquanto sinalizam e piscam para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O jornalão paulista diz que ouviu de oficiais-generais das três Forças, apesar de a interlocução com o petista ser basicamente inexistente neste momento, os eventos falariam por si e serviriam para tirar o bode de um golpe militar contra Lula em caso de vitória em outubro. Ou seja, os fardados estariam interessados em manter a boquinha num eventual governo do PT.
A Folha declinou três pontos que supostamente afastam as Forças Armadas de Bolsonaro e as aproximariam de Lula. A saber:
1. O Exército determinou que todos os 67 exercícios militares programados para o ano fossem encerrados até setembro para liberar a tropa no caso de haver violência eleitoral ou, ainda pior, algum cenário ao estilo Capitólio dos EUA.
2. A mesma Força lançou diretrizes no trato público da pandemia que vão contra o negacionismo preconizado por Bolsonaro, em particular criminalizando a divulgação de fake news, tão ao gosto do bolsonarismo, o que causou ruído no Planalto.
3. O diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), almirante Antonio Barra Torres, divulgou uma duríssima nota chamando o presidente à responsabilidade por ter acusado o órgão de ter interesses escusos na vacinação de crianças, que Bolsonaro critica.
Segundo a Folha, os fardados em altos postos do serviço ativo estabeleceram de saída no ano eleitoral uma linha divisória entre a balbúrdia presidencial e as Forças.
“Mais que isso, buscou dizer aos candidatos ao Planalto que, independentemente de quem vença a eleição, a Força se manterá neutra. Os atos foram necessários já que, do ponto de vista de imagem, o caráter militar do governo Bolsonaro causa justificável apreensão da esquerda à direita.”
O jornalão que atua como porta-voz da Avenida Faria Lima, sempre citando generais, almirantes e brigadeiros como fonte, diz que o foco é Lula. A publicação diz que o petista até tentou estabelecer uma ponte com os fardados no ano passado, mas não foi bem-sucedido.
De acordo com a Folha, na cúpula militar, há o pragmatismo de que hoje Lula é o favorito para vencer a eleição. A leitura benigna é de que os militares buscam reiterar isenção; a mais maquiavélica é a de que não querem revanchismo por parte do novo chefe, caso o petista volte ao poder.
Os militares de alta patente têm memória doce em relação aos governos Lula, dos tempos de vacas gordas sob o petista, “quando a bonança internacional das commodities e uma gestão fiscal responsável até a etapa final de seu mandato permitiram o reequipamento das Forças com programas como o de submarinos, de caças e de blindados.”
O suspeito ex-juiz Sergio Moro (Podemos) é tratado na reportagem como personagem secundário, periférico, embora ele tenha determinado a prisão de Lula em 2018 por 580 dias, com a anuência de alguns generais e do Supremo Tribunal Federal (STF) –que em abril do ano passado anulou todas as sentenças de Moro e o declarou suspeito.
Entre fofocas e notícia factual, a Folha relata o desastre do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia e a tentativa do “soldado indisciplinado” [Jair Messias] de usar as Forças Armadas para atacar demais poderes institucionais.
Resumo da ópera, segundo a Folha: os militares ‘lularam’ neste 2022.
Sem comentários:
Enviar um comentário