Por Antonio Magalhães*
É um mistério quando a causa é oculta, desconhecida, incompreensível, inexplicável; um enigma. Até então eu estava focado num mistério que me acompanha dos tempos de estudante até hoje: o desaparecimento de canetas Bic sem explicação. Nenhuma delas consegui esvaziar até o fim. Simplesmente sumiam de vista. Esse é um mistério insolúvel.
Depois do domingo passado, marcado pelas eleições municipais do País, surgiu outro mistério. Esse sim muito grave e que entra na lista dos que dificilmente serão esclarecidos: a suspeita de eleições fraudadas parcialmente para favorecer candidatos à esquerda. Como todo bom enigma, decifrá-lo é difícil e custoso porque as portas estão fechadas para investigações independentes. Explicações por notas oficiais e em tumultuadas entrevistas coletivas não convencem.
A primeira coisa necessária é um esclarecimento sobre o uso de um “supercomputador” da Oracle, instalado nos Estados Unidos e contratado por R$ 19 milhões, na contagem dos votos eleitorais recepcionados pela “nuvem” via Internet. Uma bronca neste super aparelho, como anunciou o TSE, atrasou em três horas o resultado da eleição. Poucos sabem o que realmente aconteceu entre a parada e a retomada da contagem pela máquina americana. Isso foi ocultado ou mal explicado.
Por coincidência ou não, nesse mesmo domingo, hackers invadiram o sistema de TI do Tribunal Superior Eleitoral, captando só dados de pouca relevância, segundo presidente do TSE, Luiz Roberto Barroso. Tanto trabalho dos invasores para resgatar dados sem importância, deixando de lado coisas mais importantes, ao contrário do que aconteceu há quinze dias no sistema de TI do Superior Tribunal de Justiça. Sequestraram os dados e cobraram resgate para devolvê-los.
O que ocorreu durante a parada da máquina da Oracle foi um mistério que está sendo revelado aos poucos por alguns candidatos quase desconhecidos em várias regiões brasileiras que viram seus votos sumirem neste intervalo, sumiço comprovado inclusive com prints do boletim do TSE. Já outros proeminentes postulantes, pelo contrário, registraram sem queixa um aumento de seus percentuais elevando as possibilidades de vitória ou uma ida ao segundo turno.
A centralização da contagem foi uma iniciativa incompreensível – mais um mistério – do TSE comandado pela ministra do STF, Rosa Weber, na gestão passada. Ela determinou que a totalização dos votos fosse feita só em Brasília, quando nas eleições anteriores era descentralizada, cabendo a responsabilidade aos Tribunais Regionais Eleitorais e nunca tinha dado qualquer problema dessa dimensão.
Um blogueiro do campo conservador desafiou o TSE. Se tudo correu bem por lá será que o tribunal poderia atender uns pedidos e responder a perguntas simples? E sugeriu ao eleitor:
1.Peça uma simples recontagem de qualquer município.
2.Peça o nome de um único fiscal de partido que acompanhou a apuração.
3.Peça a opinião do TSE sobre o que acontecerá com milhões de brasileiros que não conseguiram justificar a ausência no seu milionário aplicativo e-Título.
4.Pergunte, porque com tanto recurso disponível na “nuvem”, aplicativo, sites e apurações, ficaram todos no mesmo local.
5.Se Rosa Weber desmontou toda a estrutura de apuração, que o TSE mostre os relatórios técnicos indicando o risco de atraso na apuração secreta.
6.Se existia esse risco, por que Barroso não avisou à sociedade?
7. Por que o atraso na divulgação foi seletivo com alguns Estados?
8.Se houve a centralização da apuração em Brasília, o que foi feito com as super estruturas dos TREs?
9.Sabendo que divulgação é só mostrar o cálculo realizado e não o cálculo em si, qual a vantagem para o brasileiro em ter uma apuração secreta?
10. Qual a opinião do TSE sobre a decisão da suprema corte alemã de abolir a apuração secreta por considerar que a ausência da sociedade não é um ato democrático?
11. A função de demonstrar a lisura no pleito é do TSE ou da sociedade?
E aí, ministro Luiz Roberto Barroso, dá para atender a essas demandas? Muitos brasileiros estão questionando as ações do TSE. Ou tudo vai continuar envolto num mistério? É isso.
*Integrante da Cooperativa de Jornalistas de Pernambuco.
Sem comentários:
Enviar um comentário