A influência do bolso na decisão de voto aumenta na velocidade da inflação. Nos últimos três meses, a maioria dos eleitores (77%) cortaram ao menos quatro produtos básicos da lista de consumo habitual. E mais da metade (55%) deixou de pagar em dia duas contas mensais. As informações são do colunista José Casado, da Veja.
Esse empobrecimento pessoal e familiar, com progressiva redução de consumo para tentar fechar as contas no final do mês, condiciona cada vez mais as intenções de voto para a eleição de outubro. O grande perdedor, até aqui, é o governo e seu candidato à reeleição, Jair Bolsonaro.
É o que mostra pesquisa do Instituto FSB realizada para o banco BTG entre a última sexta-feira e domingo, com duas mil entrevistas telefônicas. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
A perda de poder de compra, num ambiente de inflação de dois dígitos, persistente e disseminada, levou a maioria a cortar alimentação fora de casa (60%), compra de roupas (56%) e a retirar carne bovina do cardápio doméstico (55%).
A redução do consumo de combustível (44%) é declarada em seguida, como decisão secundária.
Isso sugere que governo e Congresso podem ter superestimado a relevância da concessão de subsídios estatais à gasolina para mitigar o impacto inflacionário nos orçamentos pessoal e familiar, na expectativa de melhorar o humor dos eleitores.
Eles estão se sentido obrigados a eleger, para atraso de pagamento, ao menos duas contas domésticas por mês. Nos últimos três meses escolheram, principalmente, entre a conta de luz, a do cartão de crédito, a de telefonia, e a de água e esgoto.
A percepção econômica e eleitoral se mantém estável, ou seja, essencialmente ruim, confirma a pesquisa. Porém, nas últimas duas semanas constatou-se uma nota de relativo otimismo: recuou de 70% para 63% a proporção de eleitores que apostam no aumento da inflação nos próximos três meses.
Não deixa de ser um alento para candidatos a deputado, senador, governador e presidente que sentem o peso da cobrança nas ruas pelo custo de vida crescente.
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