Thatiany Lucena
- Dimas Santos
- Postado por Madalena França
Por: Pedro Ivo Bernardes /Thatiany Lucena/Diário de Pernambuco – O ano de 2024 tem sido considerado um marco para o setor elétrico no Brasil. Desde o mês de janeiro, todas os consumidores de alta e média tensão podem escolher seus fornecedores de energia, não estando mais restritos ao mercado regulado, o chamado Mercado Cativo. A principal vantagem é a economia de 30% a 35% na conta de luz, além de não ficar mais submetido às tarifas do horário de pico e às bandeiras tarifárias, que são acionadas quando é preciso acionar as termelétricas para evitar o desabastecimento.
Além da economia, há outros benefícios para quem opta pelo Mercado Livre, como a sustentabilidade, a previsibilidade da despesa, a flexibilidade contratual e o preço constante, além da certificação do consumo de energia 100% renovável, que é um diferencial para as empresas em tempos que as políticas de ESG são amplamente valorizadas no mundo corporativo.
No último mês de fevereiro, a região Nordeste registrou mais de 40 mil unidades consumidoras nesse mercado, das quais 3.596 ingressaram nos dois primeiros meses deste ano, quando passaram a vigorar as novas regras. No país, 37% de toda a energia consumida vem das comercializadora, que abastecem 90% do setor industrial.
A executiva comercial da Kroma Energia, Manoela Colaço, explica que mesmo no Mercado Livre a figura da concessionária de energia continua existindo. “Ela entra com a infraestrutura física, fiação, cabeamento, mas a transação de compra e venda de energia é feita com outra empresa, que o consumidor vai poder escolher”, destaca.
Até mesmo a Neoenergia Comercializadora, braço do grupo no Mercado Livre, precisa remunerar pelo uso da estrutura de transmissão. “Não temos vantagem por ser do mesmo grupo, temos que pagar pelo uso da infraestrutura como qualquer outra comercializadora”, destaca Rita Knop, diretora comercial da Neoenergia Distribuidora.
CONDOMÍNIOS
Com os altos custos que envolvem o consumo diário dos moradores, como a conta de água, de energia elétrica e manutenções em geral, tem sido cada vez mais frequente a procura por práticas e alternativas para economizar dinheiro na administração dos condomínios residenciais.
Entre as ações para reduzir esses custos está a utilização de fontes renováveis de energia, como a solar, que contribui com a preservação do meio ambiente e também traz uma economia na conta de luz. Ao adotar a energia limpa, o condomínio também fica menos dependente das mudanças de bandeiras tarifárias na conta de luz tradicional, que aumentam ainda mais o valor do custo.
Para os condomínios, uma das vantagem do Mercado Livre é a inexistência de investimento, como quando se opta pela instalação de placas fotovoltaicas nos tetos dos prédios ou nas áreas livres dos condomínios, mas a pré-requisitos para o ingresso nesse mercado. “A energia do condomínio precisa estar ligada na modalidade alta tensão. Caso ela esteja na baixa tensão, será necessário fazer a mudança de categoria”, ressalta Manoela Colaço.
As executivas da Neoenergia e da Kroma reforçam que o ingresso nesse mercado não se limita à troca da fornecedora de energia, mas de uma migração para uma empresa de soluções de energia, que pode oferecer também a gestão e o acompanhamento em tempo real do consumo. “Nesse mercado, altamente competitivo, é importante ficar atento à solidez das empresas. Há no mercado muitas trades, que não possuem retaguarda em geração, por exemplo, e como a energia é um insumo com preços muito voláteis, há sempre a possibilidade de algumas empresas menos sólidas saírem do mercado”, aconselha Rita Knop.
MERCADO LIVRE
Com a abertura do Ambiente de Contratação Livre (ACL), mais conhecido como Mercado Livre de Energia, em janeiro deste ano, vários condomínios se anteciparam e realizaram, ainda no ano passado, a contratação da energia limpa, para que a mudança ocorresse já no início deste ano. “Já temos vários empreendimentos se beneficiando da economia do Mercado Livre e do diferencial do nosso serviço de gestão. Atualmente estamos negociando com vários síndicos e administradoras”, comenta Manoela Colaço.
Um das vantagens ao optar pelo Mercado Livre de Energia é que não são exigidos novos investimentos do condomínio e não há necessidade de ter área livre, como seria necessário para a instalação de um projeto solar. Algo que torna o processo de aprovação mais rápido para o gestor.
Para os prédios que ainda estão em construção, a Kroma Energia oferece um caminho mais prático para as construtoras, com a possibilidade de já entregar o empreendimento completo para uso do Mercado Livre, tanto a área comum do prédio quanto os apartamentos. “Nesse caso, o edifício recebe nossa tecnologia de monitoramento e rateio de energia. Além de serem duplamente beneficiados com a economia nas contas de energia, tanto no condomínio, como na sua residência, os nossos clientes acompanham em tempo real o consumo das suas unidades através do nosso app”, acrescenta a Executiva Comercial da Kroma.
Toda essa energia proveniente de fontes renováveis e revertida em economia, pode ser registrada e certificada com a emissão de I-REC’s. Com reconhecimento internacional, os I-REC’s são uma documentação necessária para comprovar que a energia elétrica consumida é proveniente de fontes limpas, certificando e valorizando ainda mais o condomínio.
Por meio da Portaria Normativa Nº 50/2022, o Ministério de Minas e Energia possibilitou, desde janeiro de 2024, a opção de migração de todos os consumidores classificados como Grupo A (de alta e média tensão, que possuem demanda igual ou superior a 500 kW), para o Ambiente de Contratação Livre (ACL), mais conhecido como Mercado Livre de Energia no Brasil.
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