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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

MPF apresenta denúncia contra Cerveró e Fernando Baiano à Justiça

15/12/2014 12h25 - Atualizado em 15/12/2014 12h52

Alberto Youssef e executivo da Toyo Setal também foram denunciados.

Segundo a denúncia, eles são suspeitos de corrupção e lavagem de capital.

Thais KaniakDo G1 PR
Fernando Baiano e Cerveró (Foto: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo e Geraldo Magela/Agência Senado)Fernando Baiano e Nestor Cerveró foram
denunciados pelo MPF (Foto: Geraldo Bubniak/
AGB/ Estadão Conteúdo e Geraldo Magela/
Agência Senado)
O Ministério Público Federal (MPF) apresentou novas denúncias contra suspeitos de envolvimento da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), à Justiça Federal do Paraná. O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, o lobista Fernando Soares – conhecido como Fernando Baiano –, o doleiro Alberto Youssef e o executivo da Toyo Setal Júlio Camargo foram denunciados na noite de domingo (14). O MPF confirmou a denúncia na manhã desta segunda-feira (15).
Os quatro são suspeitos, conforme a denúncia, dos crimes de corrupção contra o sistema financeiro nacional e lavagem de capital entre 2006 e 2012. De acordo com o MPF, Fernando Baiano e Nestor Cerveró são suspeitos de receber US$ 40 milhões de propina nos anos de 2006 e 2007 para intermediar a contratação de navios-sonda para a perfuração de águas profundas na África e no México. Fernando Baiano era representante de Nestor Cerveró no esquema, ainda segundo a denúncia.
Conforme o MPF, o pedido dos procuradores é de que os denunciados paguem R$ 296 milhões de devolução das propinas e também de indenização pelos prejuízos causados à estatal.
Procurado pelo G1, o advogado Edson Ribeiro, que defende Nestor Cerveró, disse desconhecer a denúncia. Mesmo assim, ele negou que seu cliente tenha qualquer envolvimento com Fernando Baiano e com o esquema investigado pela Lava Jato. “É uma acusação grave. O ônus da prova é do MPF. Ele não tem nada a ver com essa situação”, afirmou o advogado.
Mario de Oliveira Filho, advogado do lobista Fernando Baiano, também disse ao G1 não ter conhecimento sobre a denúncia contra o cliente.
Até a publicação desta matéria, a defesa de Júlio Camargo não foi localizada pelo G1, e a advogada da Toyo Setal não atendeu às ligações. Os advogados do doleiro Alberto Youssef também não atenderam aos telefonemas da reportagem.
Na denúncia, consta que Fernando Baiano fez “acertos” com Júlio Camargo e que “não há qualquer dúvida” de que o lobista tenha repassado valores ao então diretor da área Internacional Nestor Cerveró, cuja participação foi fundamental para que negócios da Petrobras com empresas fossem efetivados.
“O acordo foi no sentido de que inicialmente Júlio Camargo remeteria os valores que se destinavam ao pagamento de propina para o exterior em contas bancárias no nome das suas empresas Piemonte e Treviso. Na sequência, Alberto Youssef contrairia empréstimo para a offshore Devonshire junto a mesma instituição financeira estrangeira e apresentaria como garantia do empréstimo os mesmos valores remetidos e depositados nas empresas de Júlio Camargo fora do Brasil. Finalmente, Youssef utilizaria os valores obtidos no empréstimo e os faria reingressar no Brasil por meio de investimentos simulados na empresa GFD Investimentos”, diz um trecho da denúncia.
Denunciados
O doleiro Alberto Youssef é, segundo as investigações, o "cabeça" do esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. Ele está preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, desde março deste ano, quando a operação foi deflagrada. Alberto Youssef já é réu em outros processos originados da Lava Jato.
Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção que atuava na Petrobras, também está preso na carceragem da Polícia Federal na capital paranaense. Ele se entregou à PF no dia 18 de novembro, após ser ficar foragido por uns dias. O lobista teve o mandado de prisão decretado na sétima fase da Operação Lava Jato, ocorrida em 14 de novembro.
Já o executivo Júlio Camargo revelou que pagou US$ 40 milhões (equivalentes a R$ 104 milhões) ao lobista Fernando Baiano para garantir que uma empresa sul-coreana fornecesse à Petrobras sondas de perfuração para serem usadas na África e no Golfo do México. Ele fez acordo de delação premiada com o MPF.
Júlio Camargo e outro executivo da Toyo Setal Augusto Mendonça Neto, que também fez o acordo, detalharam ao Ministério Público Federal o suposto pagamento de propina a pessoas apontadas como operadoras do PT e do PMDB dentro da Petrobras e também como funcionaria o cartel criado para as licitações da estatal.
Nestor Cerveró foi apontado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, em depoimento da delação premiada, como um dos funcionários da empresa beneficiados pelo suposto esquema de pagamento de propina instalado na Petrobras. Cerveró, porém, nega. Ele disse durante depoimento à CPI mista que investiga as irregularidades na estatal, em setembro, que desconhecia a existência do esquema.

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