O arraiá de Orobó .
A coisa aqui tá feia
Cheira mal esse arraiá
Toda semana um escândalo
Quem tem gosto pra dançar?
Onde tem fumaça há fogo
Nem choveu pra esfriar
Não há milho pois a seca
Não nos permitiu plantar.
É lata d´água na cabeça
E o povo a brigar
Quando mandam um carro pipa
Muitos ficam sem pegar.
Bandas boas também tem
Mas, por quanto vão tocar?
São muitos milhões gastados
E o povo a precisar.
Será que dessa vez a litação está certa?
Não é que eu esteja dizendo
Que as bandas não são honestas
É que pelo antigo exemplo
Que a Voz assim publicou
Uma delas tocou em Itaquitinha
Por metade, que ela mesma aqui tocou.
E pra acabar de arrebentar
A boca desse balão
Os funcionários foram convocados
Para abrir o São João.
Até que arraiá combina
Com papa ,angu e pamonhas
Melaço e muito quentão
Que não deve ser difícil
Encontrar nesse arraiá
Tem que está desatinado
Deus me livre de eu ir lá!
Dançar forró com quem está
Usando mal meu dinheiro
Me fazendo de idiota
E eu sem poder fazer nada
No arraiá de Orobó
A quadrilha está afinada.
Balancê, anarriê
E as bandeirinhas a voar
Verdinhas iguais as matas
Pelo o mundo a se espalhar
Não sei em qual Paraíso
Elas estão indo parar.
Eu digo viva são Pedro!
Outro diz viva são João!
Também tem gente gritando
Viva a corrupção!
Deve cheirar muito mal
Este arraiá moderno
Contava papai Antonio
No livrinho de cordel
Que todo dia no inferno
Tem forró, enxofre e fel.
Poetisa Madalena França.
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