Adélio Bispo de Oliveira, o homem que esfaqueou o então candidato Jair Bolsonaro em Juiz de Fora não iria precisar de faca, poderia usar um pistola comprada legalmente para o seu delírio assassino.
Aquele vizinho esquisitão, com quem você discutiu na casa de praia por conta do volume alucinante do funk, depois que todo mundo já estava “calibrado” nas festas de fim de ano, também poderia “ir lá dentro” buscar o trezoitão e sacudir na sua frente.
O ladrão que entrou na loja e exigiu o dinheiro da féria também pode ter de encarar o trabuco que o caixa tirou da gaveta, legalzinho da silva, e o que era um assalto vira um tiroteio dentro do comércio cheio de gente.
E na briga de marido e mulher fica mais fácil terminar em tragédia, porque o “cospe-fogo” está à mão, ali na gaveta ou no armário.
Aquela gaveta ou armário que, um dia, vai ser esquecido sem trancar e o gurizinho vai “futucar”.
Ah, mas o bandido está armado e vai ter receio de te abordar, naquela rua deserta, porque você, agora, pode estar armado também. Não, negativo. A arma está liberada para tê-la em casa, não para voltar tarde da noite pela rua.
E em lugar de perder os 50 reais e o celular, você vai perder a vida, porque ele já chegou com o revolver apontado e destravado e você não vai carregar o seu sem trava, ainda mais com o histórico de tiro “nas partes” que o armamento mais barato tem.
São mil situações de desvantagem, perigo ou insensatez que o armamento generalizado traz.
Se em 10% dos casos a posse de um arma evitar um crime, sobram 900 em que ela trará tragédias.
E não adianta você ser um cidadão pacato, incapaz de matar uma muriçoca: balas não ligam para isso.
Hoje, são 33 mil armas registradas por ano. Mais 15 mil para “colecionadores” e atiradores “esportivos”. E bote outros milhares compradas sem registro por cidadãos Brasil afora.
Os estudos estatísticos, como o “Mapa de Armas no Brasil” do Ipea, concluíram que “há evidências que a difusão da arma de fogo concorre para o aumento da taxa de homicídios nas localidades e não possui efeito sobre a taxa de crimes contra a propriedade”.
A taxa de homicídio média das 20 microrregiões brasileiras com mais armas (legalizadas) foi é 7,4 vezes maior do que nas 20 microrregiões com menos armas. Enquanto a taxa média de no primeiro grupo foi de 53,3 homicídios para cada cem mil habitantes, a do segundo grupo foi de 7,2.
Sérgio Moro e Bolsonaro, nossos césares, os que vão morrer vos saúdam.
Madalena França
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