Michel Temer parece fadado a ser um destes personagens que a história lançará no quarto de despejo.
Mesmo que Jair Bolsonaro seja um grotesco reacionário, Michel Temer, sem ser tão reacionário como o sucessor, ganha dele porque junto a pompa à mediocridade.
No fecho de seu período como usurpador da Presidência, presenteia-se com memoriais não se sabe do quê e pronunciamentos que ninguém ouve ou lê.
Já não é o homem “bonito” ou “romântico” com que os bajuladores da mídia o alcunhavam – com o perdão do trocadilho – no início, quando tudo seriam flores de pois do “desastre Dilma”.
Alguns colunistas “sinceros” ainda têm a decência de reconhecer que ele prestou “bons serviços”: cortou os gastos sociais, iniciou a preparação da venda de nosso petróleo, entregou a Embraer e o que resta como estatal do setor elétrico para a venda.
De “quebra”, ajudou a desmoralizar a política, com a sua pequenez sempre cercada de imundícies ministeriais.
Mas Temer é um caso perdido para a História, como Café Filho, que reverteu a política econômica varguista com nomes como Eugênio Gudin e Otavio Gouveia de Bulhões,personagens reacionários que, numa definição interessante de Paulo Nogueira Batista Jr, valia a pena ler, mesmo discordando, em lugar dos “gestores” de hoje mais perto da condição de contadores que da de economistas.
Michel Temer é um hiato.
Viverá seus últimos momentos de notoriedade, talvez, com a prisão temporária que algum juiz de 1a. instância, se for surdo aos conselhos de que, pelos serviços prestados, não a merece. Mas logo será relaxada por algum ministro dos Tribunais Superiores, atentos como sempre a quem serve ao verdadeiro poder deste país.
Mas que não se conte muito com isso, porque é costume de quem não tem virtudes a mostrar apontar defeitos alheios. Tanto que, diz a Folha, o novo governo prepara um “pente-fino” para “reavaliar os atos normativos legais ou infralegais publicados nos últimos 60 (sessenta) dias do mandato anterior”.
Ou seja, as lambanças da turma que não tem futuro ou tem apenas o governo João Dória como esconderijo.
Temer, “acostuma-te à lama que te espera!”: bem cair-lhe-ia o verso de Augusto dos Anjos, se à lama Michel Temer não fosse acostumado, nos ambientes de penumbra.
Algum bem, entretanto, Temer deixa ao Brasil. É das poucas figuras que desestimula à sordidez, à traição, à vaidade, ao cinismo.
Ele mérito, com Justiça, reconheça-se: Temer é um bom mau exemplo para as novas gerações.
Madalena França Via Tijolaço
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