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segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

“Ameaça” de Cabral mostra que delação é só um negócio


Demitiu-se, antes mesmo de atuar, o segundo advogado de Sérgio Cabral Filho desde que o ex-governador “ameaçou” fazer uma delação premiada.
Para que se dispensem contratos milionários, dá para ter ideia do grau “ético” do negócio que o ex-governador, já com dois séculos de sentenças (198 anos e seis meses de prisão) nas costas, está querendo fazer. Por uma tornozeleira, está disposto a dizer o que quiserem e até um pouco mais.
A turma da “moralidade” fica na torcida: “vai lá, Cabral, entrega todo mundo”. Poucos ou nenhum se incomoda se haverá veracidade no que diz um homem que, de outra forma, passaria décadas na cadeia.
Ou que, havendo alguma, outras sejam simuladas para atingir os que interessa atingir.
Os acusados é que provem sua inocência, numa inversão escandalosa do ônus da prova.
Não é novidade, pois é o mesmo que acontece com o ex-ministro Antonio Palocci, outro que negociou delações na mesma base.
Nem adianta, porém, falar nos absurdos de uma legislação que permite delações nestas condições e, pior, cuja validade vai ser analisada pelo mesmo juiz que julgará o denunciante, o que torna o juiz, desde o início, “dono” da vontade de condenar.
No caso de Cabral, cujo enriquecimento foi evidente e escandaloso, a delação que pretende evidencia o escândalo que este processo de “m… no ventilador” se tornou.
Ao menos este serviço ele presta ao propor tal negócio.
Tudo é tão nojento que nem os advogados, que nada teriam a perder e, ao contrário, muito ganhariam, quem por as mãos na imundície.
Haverá quem as ponha, porém.
Madalena França

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