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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Artigo especial: Compra de vereadores em São José do Egito? Qual é a novidade?

Comentário: Qual é a novidade? Isso é mais comum na Classe que comer pão com manteiga todo dia!

Por Cláudio Soares*
A cidade de São José do Egito, localizada no sertão do Pajeú, 404 km de Recife, vive um momento inusitado: a adesão de alguns vereadores de oposição para o grupo do prefeito Romério Guimarães (PT) deixou, nos últimos dias, o eleitorado estarrecido.
Apurei que tudo ocorre porque o prefeito, que faz uma péssima administração, quer ir para reeleição e não encontra respaldo dentro do grupo que o apoiou em 2012. No entanto, para ter um grupo no seu controle, o prefeito abriu a bolsa de valores e avalia cada um que tenha interesse em se engajar no seu ambicioso projeto, pela quantidade de votos que este ou aquele obteve na disputa por uma vaga na Câmara na eleição passada – se for vereador vale uma Secretaria, se for apenas suplente, vale menos, uma diretoria.
É o mercado organizado e escandaloso onde se negociam o apoio até da família do adesista sem que seus entes estejam sabendo. Essa sociedade de capital aberto eleitoral, onde surgem outras promessas, tais como a de fulano compor a chapa na vice em 2016, e, também, até dinheiro na compra desses apoios, implicitamente, viola a Resolução-TSE nº 22.733, de 11.3.2008, que disciplina o processo de perda de cargo eletivo e de justificação de desfiliação partidária.
De acordo com a resolução, o partido político interessado pode pedir na Justiça Eleitoral a decretação da perda de cargo eletivo em decorrência da infidelidade. Podem formular o pedido de decretação de perda do cargo eletivo o partido político interessado, o Ministério Público Eleitoral e aqueles que tiverem interesse jurídico, de acordo com a norma.
E a situação fica ainda pior na terra denominada de Berço Imortal da poesia quando está relacionada a um candidato que tenta disputar a Presidência da Câmara. Foi constatado que um dos candidatos pretendente ao cargo tem oferecido a um dos dissidentes que se este votar nele terá suas dívidas quitadas junto a alguns credores do lugar.
O assistencialismo, entendo assim, é errado, é corrupto. O candidato cria uma identidade com determinado vereador e se eleito presidente da Casa o atenderá para dar empregos dentro Câmara sem nenhum critério, sem nenhum pudor.
Difícil fica para a Justiça detectar, porque a corrupção não dá recibo e nem exibe nota fiscal. Existem trocas de favores, compra de votos e custos não declarados. Se a população não ajudar é difícil comprovar a origem dos problemas, apontar os custos. E é por isso que muitos se aproveitam. Disse-me um vereador que não quis ser identificado.
Mas é importante lembrar que isso só acontece porque existem eleitores que aceitam ser corrompidos, que estão dentro da cultura de que o período eleitoral é propício para se ganhar coisas dos políticos, no estilo me ajuda que eu te ajudo.
O que falta ao eleitor, na avaliação de especialistas políticos, é discernimento para entender que ele não precisa dar nada em troca. 'As políticas sociais precisam ser tratadas como públicas. É uma questão que precisa ser impessoal.'
Enquanto isso não acontece, a bolsa de valores em São José em Egito está aberta, basta dizer que votou contra o prefeito, que tem um punhado de votos e aceitar ser arrebanhado pelo mesmo. A desmoralização, o desrespeito, a desconsideração torna a política do lugar imoral. A população é abatida, perde o ânimo, não acredita mais nos seus representantes, e a autoestima é inevitável.
*Jornalista

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