Teremos 11,36% ou 7,41?
O reajuste do piso salarial dos professores em 2016 é motivo de preocupação tanto para estados e municípios, quanto para os docentes. De acordo com indicadores nos quais se baseiam o reajuste, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), os salários iniciais devem aumentar 11,36%. No entanto, segundo cálculos da Confederação Nacional de Municípios (CNM) e entes federados, no entanto, o aumento deve ser de 7,41%.
“Com certeza, os professores merecem reajustes maiores, mas não se pode aceitar a manipulação de informações para gerar reajustes acima da capacidade de pagamento dos governos”, conclui.
Os trabalhadores discordam. “Ficou demonstrado que não há argumento técnico que justifique a redução da porcentagem de 11,36%. Apesar da crise que está colocada, a arrecadação do Fundeb foi mantida. Temos abertura para pensar em uma fórmula de cálculo, mas não agora para 2016, podemos pensar para 2017”, diz a secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Marta Vanelli.
Ela lembra que para ter o direito garantido, em
2015, os professores entraram em greve em diversos estados e municípios
porque não tiveram os salários pagos devidamente.
Reajuste do Piso
O piso salarial dos docentes é reajustado
anualmente, seguindo a Lei 11.738/2008, a Lei do Piso, que vincula o
aumento à variação ocorrida no valor anual mínimo por aluno definido no
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
O piso é pago a profissionais em início de
carreira, com formação de nível médio e carga horária de 40 horas
semanais. Segundo a CNM, o governo federal estimou a receita do Fundeb
em valor maior do que ela efetivamente foi, aumentando o percentual do
reajuste.
O reajuste é discutido desde o final de novembro,
quando foi instalado o fórum permanente para acompanhar a atualização do
valor do piso salarial nacional para os profissionais do magistério
público da educação básica. Foram feitas duas reuniões até o fim do ano.
A intenção era que o grupo, formado por representantes dos estados,
municípios e dos docentes, além do MEC, chegasse a um acordo sobre o
reajuste, o que não ocorreu.
Segundo o presidente do Conselho Nacional de
Secretários de Educação, Eduardo Deschamps, os entes federados pediram
uma manifestação oficial da Secretaria do Tesouro Nacional e do MEC
sobre os dados divulgados, para que a arrecadação e o reajuste do piso
sejam reanalisados.
“Há uma preocupação com a aplicabilidade do novo
piso e que isso leve a uma tensão entre professores e estados que
prejudique o andamento do ano letivo”, diz.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, tem se
mostrado preocupado com a questão. Em novembro, o ministro disse que
piso teve um reajuste acima da inflação, de 45%, desde 2011.
"Esse crescimento não tem sido acompanhado do
aumento da receita dos estados e municípios, principalmente em um
momento como esse. Precisamos chegar a um entendimento em relação ao
ritmo de crescimento. Tem que continuar crescendo em termos reais,
compatível com a receita de estados e municípios", afirmou.
O piso salarial subiu de R$ 950, em 2009, passou
para R$ 1.024,67, em 2010, e chegou a R$ 1.187,14, em 2011. Em 2012, o
valor era R$ 1.451. Em 2013, o piso passou para R$ 1.567 e, em 2014, foi
reajustado para R$ 1.697. Em 2015, o valor era R$ R$ 1.917,78. O maior
reajuste foi registrado em 2012, com 22,22%.
Desvalorização
Apesar dos aumentos, atualmente, os professores
ganham cerca de 60% dos demais salários de outras carreiras com
escolaridade equivalente. “Se o Brasil quiser atrair os melhores alunos,
tem que melhorar os salários dos professores”, defende a presidente
executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz.
“Na minha opinião, saúde e educação não deveriam
ter cortes. Pensando que vamos ter um ano dificílimo, não garantir um
aumento para os professores é criar um clima muito ruim, com
possibilidade de greve e isso é catastrófico”, acrescenta.
A melhora do salário dos professores faz parte do
Plano Nacional de Educação (PNE), lei que prevê a metas para a melhoria
da educação até 2024. Até 2020, os docentes terão que ter rendimento
equiparado ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente.
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