As mortes de duas pessoas e de vários macacos contaminados pela febre amarela puseram o país em alerta e fizeram o Ministério da Saúde reforçar a orientação sobre a importância da vacinação. A vacina contra a febre amarela é ofertada no Calendário Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e deve ser dada a qualquer pessoa que reside ou vai viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata.
Em terminais rodoviários e locais de grande aglomeração, cartazes avisam sobre o risco e recomendam que as pessoas tomem a vacina contra a doença. Nos postos de Rio Preto e Ribeirão, a vacinação foi antecipada para crianças. Antes, elas eram vacinadas aos 9 meses. Agora, elas recebem a vacina aos seis meses e aos 9 tomam uma dose de reforço.
A Secretaria de Saúde de Ribeirão Preto aumentou o estoque de vacinas em 38 postos de vacinação na cidade. “O chamamento à população continua, tendo em vista a importância da imunização, que está abaixo do preconizado pela Organização Mundial da Saúde”, informou. O índice está em torno de 75%, quando o ideal é chegar a 100% do público-alvo. Entre as crianças com até cinco anos, a cobertura chega a 95%. A dona de casa Vitória Dieber levou os filhos de 6 e 3 anos para receber a vacina. “Eu e meu marido já estamos vacinados, mas agora é preciso proteger as crianças”, disse.
Em 11 cidades dessas regiões, desde o ano passado, foram recolhidos 17 primatas mortos e os exames confirmaram a contaminação pela febre amarela na maioria deles. Alguns não foram examinados porque estavam decompostos. Na semana passada, foram confirmados óbitos de macacos em Catiguá, Ribeirão Preto e Novo Horizonte. A Secretaria de Saúde de Catiguá informou que todos os moradores da zona rural foram vacinados. Na área rural, a doença é transmitida pelo mosquito Haemagogus. Nas áreas urbanas, pode ser transmitida pelo Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue, zika e chikungunya, mas ainda não houve registro dessa transmissão.
O número de casos suspeitos de febre amarela em Minas Gerais avança rapidamente. Até a manhã desta segunda-feira, foram contabilizados 23 casos prováveis da doença, com 14 óbitos em investigação. Diante do aumento do avanço dos registros, o Estado deve pedir ajuda da força nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) para melhorar a assistência aos pacientes.
Até a última sexta-feira, haviam sido contabilizados 12 casos suspeitos, com cinco mortes. Os registros ocorreram nas cidades de Ladainha, Malacacheta, Frei Gaspar, Caratinga, Piedade de Caratinga e Imbé de Minas, todas localizadas em uma região considerada de risco para febre amarela. Nesta segunda, no entanto, o número de municípios com casos suspeitos também aumentou. O Ministério da Saúde ainda não tem informações sobre o histórico dos pacientes, se eles tinham relação entre si. Na manhã desta segunda uma reunião foi realizada para discutir o avanço de casos suspeitos. É a segunda discussão em menos de uma semana. Os casos por enquanto estão sendo considerados como de transmissão silvestre.
A febre amarela é provocada por um vírus, transmitido pela picada de mosquitos infectados. No ciclo silvestre, em áreas florestais, o vetor da febre amarela é principalmente o mosquito Haemagogus. A maior preocupação das autoridades sanitárias é evitar o retorno da forma urbana da doença, feita por meio da transmissão do Aedes aegypti, cujo número de criadouros no País é considerado alto. O último caso registrado de febre amarela urbana no Brasil ocorreu no Acre, em 1942.
A infecção se instala quando uma pessoa que nunca tenha contraído a febre amarela ou tomado a vacina contra a doença é picada por um mosquito infectado.
Ao contrair a doença, a pessoa pode se tornar fonte de infecção para o Aedes aegypti no meio urbano. Além do homem, a infecção pelo vírus também pode acometer outros animais. Entre eles, macacos – que podem ter a doença sem sintomas, mas com quantidade de vírus suficiente para infectar mosquitos. Uma pessoa não transmite a doença diretamente para outra.
Transmitida por vírus, a febre amarela provoca calafrios, dor de cabeça, dores nas costas e no corpo, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, insuficiência hepática, insuficiência renal, coloração amarelada da pele e do branco dos olhos, hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Cerca de 20-50% das pessoas desenvolvem doença grave, podendo vir a óbito. A forma grave geralmente aparece depois de um período de dois dias de bem-estar.
O ciclo silvestre de transmissão do vírus de febre amarela se estabelece com primatas não humanos e mosquitos. Todas as vezes em que a ocorrência em animais é identificada, há um alerta para se reforçar as medidas de proteção entre humanos, por meio da vacinação.
Diante do aumento, o Ministério da Saúde reforça a necessidade de moradores de área de risco estarem com vacinas em dia. A recomendação é de que população tenha pelo menos duas doses do imunizante, aplicadas com 10 anos de intervalo, no caso de adultos. Em crianças com mais de seis meses e menores de 2 anos, a recomendação é de que a primeira dose seja dada aos 9 meses e o reforço seja feito aos 4 anos.
A vacinação também deve ser feita em pessoas que se destinem a regiões consideradas de risco. Além da imunização, pessoas que planejam turismo rural devem adotar outras medidas como usar durante os passeios sapato fechado, camisa de manga longa e calça comprida e repelentes.
Pacientes com doenças que comprometam o sistema imunológico devem procurar o médico para saber se a vacinação é indicada.
Fonte: Veja
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