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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Desespero mortes por febre amarela põem Brasil em alerta.


Imagem: Domínio PúblicoAs mortes de duas pessoas e de vários macacos contaminados pela febre amarela puseram o país em alerta e fizeram o Ministério da Saúde reforçar a orientação sobre a importância da vacinação. A vacina contra a febre amarela é ofertada no Calendário Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e deve ser dada a qualquer pessoa que reside ou vai viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata.
Em terminais rodoviários e locais de grande aglomeração, cartazes avisam sobre o risco e recomendam que as pessoas tomem a vacina contra a doença. Nos postos de Rio Preto e Ribeirão, a vacinação foi antecipada para crianças. Antes, elas eram vacinadas aos 9 meses. Agora, elas recebem a vacina aos seis meses e aos 9 tomam uma dose de reforço.
Em Ribeirão Preto, um homem de 52 anos morreu no dia 26 de dezembro com sintomas e a febre amarela foi confirmada pelo Instituto Adolfo Lutz na semana passada. Em abril de 2016, outro paciente de 38 anos morreu em Bady Bassit, região de Rio Preto, também contaminado pelo vírus. Nos dois casos, as vítimas estiveram em áreas de matas com presença de macacos e pegaram a forma silvestre da doença.
A Secretaria de Saúde de Ribeirão Preto aumentou o estoque de vacinas em 38 postos de vacinação na cidade. “O chamamento à população continua, tendo em vista a importância da imunização, que está abaixo do preconizado pela Organização Mundial da Saúde”, informou. O índice está em torno de 75%, quando o ideal é chegar a 100% do público-alvo. Entre as crianças com até cinco anos, a cobertura chega a 95%. A dona de casa Vitória Dieber levou os filhos de 6 e 3 anos para receber a vacina. “Eu e meu marido já estamos vacinados, mas agora é preciso proteger as crianças”, disse.
Em 11 cidades dessas regiões, desde o ano passado, foram recolhidos 17 primatas mortos e os exames confirmaram a contaminação pela febre amarela na maioria deles. Alguns não foram examinados porque estavam decompostos. Na semana passada, foram confirmados óbitos de macacos em Catiguá, Ribeirão Preto e Novo Horizonte. A Secretaria de Saúde de Catiguá informou que todos os moradores da zona rural foram vacinados. Na área rural, a doença é transmitida pelo mosquito Haemagogus. Nas áreas urbanas, pode ser transmitida pelo Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue, zika e chikungunya, mas ainda não houve registro dessa transmissão.
O número de casos suspeitos de febre amarela em Minas Gerais avança rapidamente. Até a manhã desta segunda-feira, foram contabilizados 23 casos prováveis da doença, com 14 óbitos em investigação. Diante do aumento do avanço dos registros, o Estado deve pedir ajuda da força nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) para melhorar a assistência aos pacientes.
Até a última sexta-feira, haviam sido contabilizados 12 casos suspeitos, com cinco mortes. Os registros ocorreram nas cidades de Ladainha, Malacacheta, Frei Gaspar, Caratinga, Piedade de Caratinga e Imbé de Minas, todas localizadas em uma região considerada de risco para febre amarela. Nesta segunda, no entanto, o número de municípios com casos suspeitos também aumentou. O Ministério da Saúde ainda não tem informações sobre o histórico dos pacientes, se eles tinham relação entre si. Na manhã desta segunda uma reunião foi realizada para discutir o avanço de casos suspeitos. É a segunda discussão em menos de uma semana. Os casos por enquanto estão sendo considerados como de transmissão silvestre.
A febre amarela é provocada por um vírus, transmitido pela picada de mosquitos infectados. No ciclo silvestre, em áreas florestais, o vetor da febre amarela é principalmente o mosquito Haemagogus. A maior preocupação das autoridades sanitárias é evitar o retorno da forma urbana da doença, feita por meio da transmissão do Aedes aegypti, cujo número de criadouros no País é considerado alto. O último caso registrado de febre amarela urbana no Brasil ocorreu no Acre, em 1942.
A infecção se instala quando uma pessoa que nunca tenha contraído a febre amarela ou tomado a vacina contra a doença é picada por um mosquito infectado.
Ao contrair a doença, a pessoa pode se tornar fonte de infecção para o Aedes aegypti no meio urbano. Além do homem, a infecção pelo vírus também pode acometer outros animais. Entre eles, macacos – que podem ter a doença sem sintomas, mas com quantidade de vírus suficiente para infectar mosquitos. Uma pessoa não transmite a doença diretamente para outra.
Transmitida por vírus, a febre amarela provoca calafrios, dor de cabeça, dores nas costas e no corpo, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, insuficiência hepática, insuficiência renal, coloração amarelada da pele e do branco dos olhos, hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Cerca de 20-50% das pessoas desenvolvem doença grave, podendo vir a óbito. A forma grave geralmente aparece depois de um período de dois dias de bem-estar.
O ciclo silvestre de transmissão do vírus de febre amarela se estabelece com primatas não humanos e mosquitos. Todas as vezes em que a ocorrência em animais é identificada, há um alerta para se reforçar as medidas de proteção entre humanos, por meio da vacinação.
Diante do aumento, o Ministério da Saúde reforça a necessidade de moradores de área de risco estarem com vacinas em dia. A recomendação é de que população tenha pelo menos duas doses do imunizante, aplicadas com 10 anos de intervalo, no caso de adultos. Em crianças com mais de seis meses e menores de 2 anos, a recomendação é de que a primeira dose seja dada aos 9 meses e o reforço seja feito aos 4 anos.
A vacinação também deve ser feita em pessoas que se destinem a regiões consideradas de risco. Além da imunização, pessoas que planejam turismo rural devem adotar outras medidas como usar durante os passeios sapato fechado, camisa de manga longa e calça comprida e repelentes.
Pacientes com doenças que comprometam o sistema imunológico devem procurar o médico para saber se a vacinação é indicada.

Fonte: Veja

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