Na sondagem feita por Jair Bolsonaro para a escolha do futuro Ministro da Educação o critério não era ter um espírito aberto, capaz de trabalhar com toda a diversidade própria do ambiente escolar e, especialmente, universitário.
Ao contrário, era “ter a faca nos dentes”, descreve uma atitude de confronto, aguerrida, bem pouco apropriada – aliás, como a menção a facas, diante de nossa história recente – a quem precisa, necessariamente, construir consensos e objetivos comuns a dezenas ou centenas de milhares de educadores. É o contrário do que se ouve da boca do ministro indicado Ricardo Vélez Rodriguez, em sua primeira “entrevista”, aliás a uma advogada de extrema-direita, Bia Kicis, eleita na “onda” do ex-capitão, quando ele descreve sue primeiro encontro com o presidente eleito, dia 28.
— Achei [Bolsonaro] uma pessoa que não tem meias palavras, não tem pé atrás. Faz as perguntas mais diretas. Ele me perguntou: “Velez, você tem faca nos dentes para enfrentar essa guerra?” Eu falei: “Senhor presidente, estou nessa guerra há 30 anos. Porque há 30 anos o marxismo está aí presente, marginalizando gente, fazendo ‘fake news’. Então, a gente tem que estar sempre alerta. Não pode dormir no ponto” .
Vê-se contra quem Rodriguez quer usar “a faca”: o marxismo que seria, na visão obtusa (ou seria cegueira aguda?) destes fanáticos. Não a formação de professores, não a sua sub-remuneração, não a crescente desqualificação do magistério, não as escolas ausentes ou deficientes, não as distorções no acesso dos mais pobres a uma educação de qualidade, não a evasão escolar, não o baixo rendimento intelectual dos estudantes, não o despreparo para enfrentarem a vida mas … o marxismo!!!!
E, contra Marx, o ministro invoca o astrólogo Olavo de Carvalho, que vai se tornando cada vez mais o ideólogo da estupidez.
Aguarda-se para ver a crise nas universidades no início do próximo ano, quando a “faca” sair dos dentes e entrar nas verbas da Educação. Este energúmeno não dura um ano na pasta.
Madalena França Via Tijolaço
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