Dietas milagrosas da web trazem riscos à saúde

03/01/2016 15:20

Na maioria das vezes, fazer regime por conta própria não produz resultado saudável e duradouro

Efeito sanfona é bem comum nas famosas "dietas-relâmpago" / Divulgação

Por: Fernanda Uehara
fernandaua@diariosp.com.br

Todos estão cansados de ouvir conselhos para não se fazer as famosas “dietas-relâmpago” pelos riscos que elas trazem à saúde. Mesmo assim, muitas pessoas optam pelo caminho teoricamente mais fácil para obter resultados imediatos, principalmente pela facilidade de se obter dicas pela internet.
Em vez de mudar a alimentação gradativamente, melhorando o cardápio com uma dieta à base de comidas mais nutritivas e menos calóricas, essas pessoas resolvem excluir alguma refeição do dia ou um grupo de alimentos sem balancear o que vai ingerir.
“Devido ao imediatismo, muitos buscam resultados instantâneos e não duradouros. E é isso que acontece com essas dietas malucas”, alertou a nutricionista Isabela Fernandes.
“A educação alimentar, além de não demorar tanto quanto as pessoas imaginam, traz qualidade de vida e a durabilidade dos resultados”, afirmou.
Quem sentiu no corpo os efeitos de um regime sem orientação foi a estudante Natália Domiciano, de 20 anos. Adepta da má alimentação durante um ano, ela teve até transtorno alimentar aos 15.
“Achei que estava acima do peso e, lendo dicas na internet, deixei de comer os alimentos ditos não saudáveis. O resultado foi emagrecer exageradamente. Cheguei a pesar 39 kg”, afirmou Natália.
Com o alerta dos pais, ela percebeu o problema. Ainda assim, não procurou orientação profissional e novamente consultou a internet. “Eu lia muito sobre nutrição e fiz uma espécie de reeducação alimentar. Após seis meses consegui voltar ao peso ideal. Hoje tenho 56 kg”, explicou.
Efeito sanfona/ A estudante Thayná Gomes, 20, também perdeu as contas de quantas dietas copiou da internet. Ela está sempre tentando fazer regime, mas nunca conseguiu obedecer fielmente alguma fórmula.
“Emagreci 10 kg seguindo o que dizia um aplicativo, mas depois acabei engordando tudo de novo, talvez por ter compulsão alimentar devido à minha ansiedade”, disse.
Thayná também contou que o “efeito sanfona” causou flacidez em sua pele, além de muitas estrias.
A dona de casa Luciana Lima, 34, pesava 114 kg e conseguiu emagrecer 44 kg em dez meses, seguindo dicas de “alimentação saudável” pela internet.
“Mas agora pretendo procurar um nutricionista, principalmente para evitar esse engorda e emagrece”, afirmou Luciana, que não é mais obesa, mas confessa oscilar de peso com muita facilidade.
Análise: José Rodrigues Endocrinologista
Se a pessoa que precisa emagrecer não mudar definitivamente seus hábitos de vida e alimentares, caminhará para o aumento progressivo de peso e, com ele, virão todas as complicações que geralmente estão associadas à obesidade. O tempo que se leva para o emagrecimento depende da quantidade de peso que está acima do ideal. Adesão à nova alimentação e mudanças do hábito de vida são os pontos-chaves para alcançar bons resultados. Mas também é necessário vencer o sedentarismo. Passe a andar mais. Deixe o carro na garagem e  vá à padaria a pé. O aumento da atividade física, além de proporcionar intensidade de esforço, também modifica o metabolismo basal, fazendo com que se passe a gastar mais energia, mesmo nos momentos de repouso. O emagrecimento deve ser programado de acordo com a disposição de cada um. A dieta inicial pode ser mais restritiva, com a diminuição de calorias, e ao longo do tratamento a educação alimentar dará à pessoa mais liberdade de escolhas, No início do tratamento a meta pode ser de perda de 3 kg por mês e depois cair para 1,5 kg, alcançando o peso desejado de modo duradouro em aproximadamente cinco meses. Mas tudo tem que ser feito com controle e de uma forma saudável.