Artistas postaram fotos em apoio ao movimento: Clarice Falcão, Otto, Ney Matogrosso e Leandra Leal (Foto: Reprodução/Instagram e Reprodução/Facebook)
Cresce nas redes sociais o apoio de artistas ao movimento OcupeEstelita, que luta contra o projeto Novo
Recife, que prevê a construção de 12 torres, entre residenciais e comerciais, na área do Cais José Estelita, na capital pernambucana, um dos cartões postais da cidade. Entre os nomes que já divulgaram foto segurando cartazes onde se lê a inscrição #ocupeestelita, estão os cantores Ney Matogrosso, Jorge Du Peixe, Marcelo Jeneci, Karina Buhr, Silvério Pessoa, Otto, Siba, o pianista Vitor Araújo, os atores Johnny Hooker, Jesuíta Barbosa, Irandhir Santose e Clarice Falcão.
Desde o dia 22 de maio, manifestantes ocupam um terreno no Cais, para impedir a demolição de três galpões, e o consequente início das obras. Os manifestantes fazem parte do movimento chamado "OcupeEstelita", que desde então tem realizado no espaço diversas atividades, de aulas públicas a compostagem de lixo orgânico. Para o próximo domingo (1º), a partir das 9h, estão programadas oficinas, rodas de diálogo, feira de livros, contação de história, intervenções artísticas e shows. A cantora Karina Buhr vai fazer apresentação no local.
Desde 2012, ativistas realizam manifestações no cais
contra o projeto. (Foto: Luna Markman/G1)
Nesta quinta-feira (29), o promotor Ricardo Coelho vai encaminhar um ofício à Prefeitura do Recife, para que o Executivo municipal realize audiência pública sobre o Novo Recife, com a presença do prefeito Geraldo Julio (PSB), representantes do consórcio construtor e movimentos contrários ao plano imobiliário.
Entenda a polêmica
Em dezembro de 2013, a Prefeitura do Recife aprovou o polêmico projeto imobiliário que vai construir 12 torres ao longo do Cais, exigindo novas ações mitigadoras - aquelas tomadas para compensar os possíveis danos causados pela construção. O valor da compensação subiu de R$ 32 milhões para R$ 62,7 milhões, com a inclusão de biblioteca, túnel e um parque linear, entre outros itens. Um termo de compromisso entre a gestão municipal e consórcio de construtoras responsável pelo Projeto Novo Recife foi assinado na ocasião.
Mas desde que foi criado, o projeto provoca polêmica e protestos e é discutido judicialmente. Cinco ações tramitam questionando o Novo Recife: uma civil pública do Ministério Público estadual, uma do Ministério Público federal e três ações populares. As ações populares pedem a nulidade do ato administrativo do Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU), que aprovou a proposta imobiliária no fim de 2012.
Armazéns de açúcar serão derrubados para dar lugar a 12
torres, de acordo com o projeto. (Foto: Vanessa Bahé / G1)
A professora de direito da UFPE Liane Cirne Lins é ativista e uma das porta-vozes do grupo Direitos Urbanos, que questiona a legalidade do projeto. Entre os questionamentos, estão o leilão do terreno, que teria sido ilegal; a ausência de estudo de impacto ambiental; a ausência de autorização do Iphan, do Dnit e do ANTT; ausência de parecer da Fundarpe e de plano urbanístico da área.
No dia 22 de maio, a Justiça Federal concedeu liminar que proíbe a derrubada dos galpões do Cais pelo Consórcio Novo Recife, iniciada durante a noite do dia 21. A decisão do juiz Francisco Antônio Barros e Silva Neto, titular da 21ª Vara Federal, também pede a suspensão de eventual construção na área. O magistrado atendeu a um pedido feito pelas procuradoras da República Carolina de Gusmão Furtado e Mona Lisa Ismail, do Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco.
Marcelo Jeneci, Johnny Hooker, Jorge Du Peixe, Karina Buhr, Silvério Pessoa e Siba postaram fotos em apoio ao #ocupeestelita (Foto: Reprodução/Instagram e Reprodução/Facebook)