26 anos sem Raul Seixas…
Nascido em 28 de junho de 1945, Salvador, Bahia, Raul Santos Seixas, tinha dois ideais: o de ser cantor ou escritor. Sempre à frente, em matéria de música, o rock tornou-se uma necessidade, levando-o em 1962 a fundar o Grupo “Relâmpagos do Rock”, passando-se a chamar de “The Panthers” e por fim “Raulzito e os Panteras”. (Em 1968, já casado vai para o Rio e grava o primeiro LP. Mesmo fracassando não desiste).
Criou músicas e discos de sucesso para Jerri Adriani, Trio Ternura, Renato e Seus Blue Caps, Tony e Frankie, Diana e Sérgio Sampaio, combinou o Rock de Elvis com o baião. Dividiu parceria com Paulo Coelho no álbum Gita, conseguindo assim seu primeiro Disco de Ouro. Hora de mudar o mundo! A controvertida “Sociedade Alternativa” não agradou e Raul foi preso e torturado pelo DOPS tendo que deixar o País. “Há dez mil anos atrás” é o fim da parceria com Paulo Coelho e acaba por deixar a Phillips. Em 1977 faz com Claudio Roberto: “O Dia em que a Terra Parou” junto a WEA. Recupera-se de uma forte pancreatite e em 1978 lança o álbum “Mata Virgem”.
Em 1983 lança o álbum “Raul Seixas”, pela Eldorado onde numa das faixas ele conta a história do Rock, e no mesmo ano lança o livro “As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor”. Sempre com um público enorme, seu fã-clube oficial lança o álbum “Let me Sing My Rock and Roll”. Em 1987 lança o álbum “Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!” pela Nova Copacabana. É importante ressaltar o lançamento do LP Pedra do Gênesis em 1988, por se tratar de tudo o que significou a Sociedade Alternativa.
Continua…
Em 1989 juntamente com Marcelo Nova, lança o que seria seu último trabalho o álbum “A Panela do Diabo”. Mudar o mundo!! O ideal de mudar o mundo! Entre 30 de julho e 13 de setembro de 1987, Raulzito esteve em tratamento de desintoxicação em Vila Serena, São Paulo. A seguir temos um depoimento que ele mesmo chamou de “Inventário”, escrito a partir das sessões de terapia e que conta de forma breve um pouco de sua vida.
Uma história Emocionante
Nasci em 45, no final da guerra , portanto minha juventude foi uma juventude pós-guerra necessariamente. Comecei a usar cabelo James Dean, blusão de couro e a beber cuba-libre, o que espantava meus pais burgueses de classe média: ‘Um menino que teve tudo , nasceu em berço de ouro, mimado , por que age assim?’ , meus pais se indagavam.
Minha mãe queria que eu fosse presidente da República. Meu pai era chefe de Telecomunicações da Viação Férrea Federal da Bahia. Além disso ele sempre foi um sombra em minha vida. Na realidade, hoje é que ele está sentindo necessidade de se chegar; eu e meu único irmão o estamos acatando.
Casei quatro vezes e morei um ano e meio com a carioca Tânia, com a qual não tive filhos. Foi minha terceira mulher.
Anos 50: nossa família com meu pai saímos viajando por todo o interior da Bahia inspecionando estações de trem. Ouvia muito Luiz Gonzaga e os repentistas da estrada de ferro. Meu irmão e eu tomávamos cachaça escondido junto com os matutos do norte.
Na cidade em Salvador papai ouvia o Repórter Esso, mamãe colecionava a revista O Cruzeiro, e ficou muito deprimida quando Marta Rocha perdeu por duas polegadas a mais!!! Eu metido em brigas de turma nos bairros: lambreta e conduíte.
Naquela época a Bahia estava infestada de americanos que trabalhavam para a Petrobrás. Em 54 surge nos Estados Unidos Elvis e o Rock’n’Roll caipira, além do blues dos negros do sul. Os filhos dos gringos me apresentavam esse novo fenômeno através de discos e revistas. Quando a gente se encontrava na rua o papo era: ‘E aí , tudo bem, tem disco novo?’ Aprendi blues e rock antes destas músicas terem chegado ao Brasil. Além disso aprendi inglês fluentemente.
Troquei minha lambreta por dois velhos pares de violão e um contrabaixo de pau. Baixo acústico.
Perdi a segunda séria do ginásio por cinco anos para comparecer aos programas de rádio e ao Elvis Rock Club, onde se bebia e dublava os artistas americanos; eu era o único que cantava e tocava ao vivo.”
A VOLTA E A EXPLOSÃO DO DISCO GITA
O disco “Gita” explode, vendendo 600 mil cópias, fazendo Raul voltar para o Brasil. É o primeiro disco de ouro de sua carreira.
“Raulzito” lança o “Novo Aeon” e “Há Dez Mil Anos Atrás”, e encerra sua parceria com Paulo Coelho.
Seguem-se os lançamentos de 19 discos, entre eles: “O dia em que a Terra parou” (1977), “Abre-te Sésamo” (1980), “Metro Linha 743” (1984) e “UAH-BAP-LU-BAP-LAH-BÉIN-BUM!” (1987), entre outros. Raul fundiu o tal rock’n roll americano com diversas variações rítmicas brasileiras, do xote ao baião, ajudando a criar a cara do rock nacional, e influenciando assim as bandas que foram surgindo.
Lançou ainda dezenas de compactos, o livro “As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor” e fez contratos em todas as gravadoras majors do país. Teve ao todo cinco mulheres e três filhas.
Entre 30 de julho e 13 de setembro de 1987, Raulzito esteve em tratamento de desintoxicação em Vila Serena, São Paulo.
No dia 21 de agosto de 1989, às 9 horas, Dalva Borges da Silva, empregada de Raul, chega ao apartamento nº 1003 do Edifício Aliança, zona central de São Paulo, e encontra Raul morto em sua cama. Ele havia falecido duas horas antes da chegada de Dalva, de parada cardíaca causada pela pancreatite de que sofria há anos, consequência do alcoolismo.
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