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terça-feira, 28 de abril de 2015

Militância petista está dando show nas redes sociais


A base de apoio da presidente Dilma nas redes sociais conseguiu se reorganizar entre os dois eventos contra a presidente, segundo levantamento realizado pelo Departamento de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV/Dapp) no Twitter em 15 de março e em 12 de abril, dia das grandes manifestações contra o governo. A reação vista no dia 12 conseguiu fazer a hashtag "aceitadilmavez" superar a hashtag "impeachment", que havia suplantado todas as outras em 15 de março.

"As redes estão operando de uma forma diferente agora. É como se a base que elegeu a presidente decidisse parar de recuar, que não pode mais perder espaço", avalia o diretor do FGV/Dapp, Marco Aurélio Ruediger. Para ele, essa mobilização ajudou Dilma a entrar em uma trajetória de estabilização que coincidiu com o movimento de entendimento com o PMDB. A exemplo das ruas, o debate também esfriou nas redes. O número de menções às manifestações mapeado pelo Dapp no domingo foi 40% menor que em março, ou 478 mil contra 760 mil.

Rudieger acredita,  que as posições nas redes sociais estão mais estabelecidas agora do que em março. "A polarização vista no período eleitoral se manteve, mas em março não havia uma resposta de apoio à Dilma", diz, lembrando que o fato de marcarem posição não quer dizer que estejam em sintonia com as pautas do governo. "Em 2013, a pauta era mais difusa, havia uma mistura de temas e de atores. Agora, é mais focada. A inconformidade é com o governo. Há um desconforto imenso com a corrupção, com o uso de recursos públicos", completa.

Como analista, Ruediger avalia que a entrada efetiva do vice-presidente Michel Temer no governo e a atuação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ajudaram no processo de estabilização. Segundo ele, a análise discursiva das postagens mostra que entre o grupo pró-Dilma há a percepção de que é necessário fazer ajustes na economia. "Mas eles firmam posição nos pontos que consideram mais relevantes, como a questão da terceirização. As redes são espaços de debates, mas também de resposta", afirma.

A partir da comparação das manifestações de 15 de março e 12 de abril, e também com as mobilizações de 2013, o diretor do Dapp avalia que está havendo um aprendizado do meio político no trato com as redes sociais. Segundo ele, o debate nas redes, que há dois anos era pautado pela sociedade, começa a seguir também a agenda definida pelas instituições.

"Surgiu uma dialética maior, com o meio político colocando também suas próprias pautas e se deixando pautar, e até mudar de opinião, pelas redes", explicou ontem Ruediger, pouco antes de a bancada do PSDB deixar clara a divisão sobre o projeto de terceirização, provocada pela pressão da opinião pública.

A FGV/Dapp utiliza softwares e metodologias de pesquisa para buscar, coletar e analisar dados extraídos de redes sociais. O processo envolve análise linguística para definir critérios de busca e análise qualitativa interdisciplinar dos dados coletados, além de softwares para gerar novas visualizações dos dados.

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